Ministro das Cidades até fevereiro, deputado Mário Negromonte (PP-BA) explica irritação da base com governo.
A decisão da base aliada na Câmara de não votar de acordo com a orientação do governo é resultado de problemas represados ao longo dos 14 primeiros meses do governo da presidenta Dilma Rousseff. A rebelião adiou ontem mais uma vez a votação da Lei Geral da Copa e jogou pressão para a aprovação do Código Florestal, cujo texto não tem aval do Palácio do Planalto.
“Essa rebelião na base é bomba de efeito atrasado”, afirma o deputado federal Mário Negromonte (PP-BA). Ministro das Cidades entre janeiro de 2011 e janeiro deste ano, ele conta que cansou de ouvir reclamações de congressistas enquanto fez parte da equipe de Dilma. “Cheguei a receber mais de 300 deputados no meu gabinete e não podia fazer quase nada”, completa.
A crise na base aliada está espalhada por todos os partidos. No momento, porém, a principal reclamação é a falta de definição de uma data para votar o Código Florestal cujo texto do relator Paulo Piau (PMDB-MG) promove alterações no projeto aprovado no Senado. Como sabe que será derrotado, o governo trabalha para adiar a votação para depois de junho.
O líder do PMDB da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirma que “atualmente há 400 dos 513 deputados” dispostos a votar o texto do Código Florestal sem o aval do Planalto. “Para mim, essa questão do Código é maior que os problemas políticos. É uma questão de mérito. Ninguém quer cargo, emenda”, argumenta o peemedebista.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), diz que ainda não houve acordo com o governo para marcar a data da votação do código. “Quero dar um tempo ao governo para recompor a sua base”, diz. No começo da semana, Maia almoçou com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e havia a perspectiva de que a Lei Geral da Copa fosse votada esta semana.
Dentro do PMDB, porém, a insatisfação é antiga. Há cerca de um mês, um grupo de 45 deputados assinou um manifesto reclamando da hegemonia do PT dentro do governo. Entre os petistas, no entanto, há reclamações também. Parte da bancada não gostou de ver o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) perder o cargo de líder do governo.
Quarta maior bancada da Câmara com 47 deputados, o PSD não gostou de ficar sem postos em comissões da Casa. Avalia que não contou com o apoio dos governistas. Além disso, dentro da bancada, é forte a presença de deputados ruralistas. Na reunião de líderes, o partido foi representado por Moreira Mendes (PSD-RO) cobrou a votação do Código Florestal.
Bancadas de médio porte, PR e PDT têm outra demanda: a escolha de nomes indicados pelo partido para as pastas dos Transportes e do Trabalho, respectivamente. No Senado, o PR já anunciou que faz parte da oposição. Na Câmara, a bancada se diz independente. O PR quer a saída do ministro Paulo Passos da pasta dos Transportes.
Ontem o PDT deu uma demonstração que pode causar dor de cabeça ao governo. Presidente da Comissão do Trabalho na Câmara, o deputado Sebastião Bala (PDT-AP) colocou em votação requerimento de convocação da ministra Míriam Belchior (Planejamento) para dar explicações sobre o atraso da nomeação de servidores concursados.
Apesar de o governo ter maioria na comissão, o requerimento foi aprovado por 11 votos a 9. “A insatisfação da base resultou na convocação da ministra”, diz Bala. De volta ao cargo de líder do governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) ainda mantém o otimismo. “Já houve rebelião maior do que esta”, diz. Semana que vem o governo tentará votar de novo a Lei Geral da Copa.
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