A prática de destinar
emendas para shows, por meio de ofício no qual se informava a data, a empresa e
local, foi considerada irregular pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), em
julgamento da auditoria especial pela Segunda Câmara, na manhã desta
terça-feira (18). Sob a "cobertura" do orçamento impositivo
sancionado pelo ex-governador Eduardo Campos, grande parte dos deputados
estaduais passou a destinar emendas parlamentares diretamente para contratação
de shows, que, na maioria das vezes, eram realizados em seus redutos
eleitorais. Em pleno ano eleitoral (2014), foram mais de R$ 25 milhões gastos
na contratação de artistas.
Sem qualquer controle por
parte da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), que apenas autorizava o
pagamento, o envio de emendas para shows se tornou rotina entre os parlamentares
e houve casos, inclusive, de promoção pessoal, contratação de artistas para
eventos privados e vínculos pessoais entre deputado e empresa contratada.
Colocada na berlinda pelo TCE, a Empetur teve suas contas julgadas irregulares.
O órgão multou o ex-presidente da Empetur, André Samico, no valor de R$ 10 mil,
e em R$ 5 mil Jane Cavalcanti de Mendonça, Jéssica Pessoa de Menezes e Simone
Vasconcelos, todas em posições estratégicas na empresa.
No seu voto, o relator da auditoria especial,
conselheiro Dirceu Rodolfo rejeitou a tese da Empetur de que a ela cabia apenas
cumprir com o exigido pelo parlamentar, dada a existência do orçamento
impositivo (sancionado em 2013 pelo Ex-governador Eduardo Campos). O relator
chamou esse argumento de "fetiche da emenda impositiva". "Não se
sustenta a argumentação porque a emenda impositiva não justifica a anulação da
impessoalidade, moralidade e interesse público, preconizados pela Constituição.
Portanto, não autoriza o 'carimbo do recurso' feito pelos parlamentares. Eles
podem indicar o tipo, a obra, mas não carimbar data, empresa e local para onde
vão os recursos", pontuou.
Com voto pela rejeição, a
conselheira Teresa Duere concordou que a prática é condenável. "Deixei de
ser deputada faz 12 anos e sempre essa relação de festividade e Empetur foram
problemas ao erário. Não existe isso de se apenas acatar o que o deputado
determina por meio de ofício. É necessário que o gestor seja razoável e saiba
utilizar a cultura do Estado", pontuou.
Do JC
Online.
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