A Polícia Federal afirmou,
em nota na manhã desta sexta-feira (14), que a construção da Arena Pernambuco,
no município de São Lourenço da Mata, obra iniciada e concluída na gestão do
ex-governador Eduardo Campos (PSB), foi fruto de “uma organização criminosa”. A
construção do estádio, que tinha custo inicial de R$ 479 milhões, saltou para
R$ 743 milhões.
O resultado da investigação
da Operação Fair Play foi apresentado nesta manhã numa coletiva de imprensa no
Recife. Foram cumpridos 10 mandatos de busca e apreensão nas sedes da Odebrecht
nos estados de Pernambuco (4), Bahia (2), Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e no Distrito Federal. Residências de sócios da construtora, que não
tiveram os nomes ainda revelados, também foram alvo de buscas.
Em Pernambuco, o Comitê
Gestor de Parceria Público-Privada Federal - CGP, que funciona na Secretaria de
Planejamento, também foi alvo da operação. Segundo informações da PF, foi
concedida autorização à Odebrecht/ISG para elaborar o projeto básico do edital
de concorrência, sem licitação (Lei 8.666) ou edital de chamamento (Decreto nº
5.977/2006). Ou seja, a construtora teria sido beneficiada pelo Poder Público
para realizar a obra do estádio.
Na época da licitação da
Arena Pernambuco, o secretário de planejamento do estado era Geraldo Júlio
(atual prefeito da capital), enquanto o secretário de administração era Paulo
Câmara (atual governador), ambos integrantes do comitê gestor das PPPs. Os dois
são filiados ao PSB.
“O projeto básico foi
produzido sem disponibilizar todas as informações, sem justificativa dos custos
adotados, com exigência de atestados técnicos exorbitantes e com prazo exíguo
de análise para as demais concorrentes, entre outros elementos com vistas à
frustração do caráter competitivo”, diz a nota. Na coletiva de imprensa, a PF
revelou que a Odebrecht produziu o processo de licitação em um ano, mas
disponibilizou para as empresas concorrentes em apenas 42 dias.
O coordenador da Operação
Fair Play, o delegado Felipe Barros Leal, afirmou que não afasta a
possibilidade de apontar políticos entre os articuladores da fraude na
construção do empreendimento. "A gente não afasta, mas a gente não
confirma, mas há elementos que orbitam. As investigações não estão baseadas em
pessoas, e sim, nas instituições".
A Polícia Federal também
declarou que vai solicitar informações ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para analisar o “financiamento concedido e realizado
estudo do superfaturamento da obra de engenharia”. De acordo com a Polícia
Federal, o superfaturamento chega em R$ 42,8 milhões. Em valores corrigidos,
ficaria em torno de R$ 70 milhões.
A Odebrecht é investigada na
Lava-Jato sob acusação de formar cartel para superfaturar obras públicas e
corromper servidores, partidos e políticos. A empreiteira tem negado as
acusações.
O presidente da Odebrecht,
Marcelo Odebrecht, foi preso em junho, acusado de envolvimento no esquema de
cartel e desvio de verbas da Petrobras. Marcelo e outros dirigentes da empresa
são acusados de crimes nas obras da Refinaria Abreu e Lima, também em
Pernambuco, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e da sede da
Petrobras em Vitória, no Espírito Santo.
O grupo também é investigado
pelos contratos de compra de nafta pela Petroquímica Braskem (controlada pela
Odebrecht em sociedade com a Petrobras) e pelos contratos de navios-sonda para
exploração de petróleo em alto mar com a Sete Brasil, empresa criada pela
Petrobras.
A reportagem do Diário
entrou em contato com a assessoria de imprensa da construtora, que declarou, em
nota, que está à disposição do Poder Público para eventuais esclarecimentos. Já
o governo de Pernambuco rebateu as informações da PF e disse que o processo
licitatório observou todos os requisitos necessários.
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