Pesquisa publicada na
revista científica International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), da
Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), mostra que o
chocolate amargo traz benefícios a pacientes que sofrem de doenças cardíacas.
O vice-presidente da Socerj,
Ricardo Mourilhe, disse que a notícia “é animadora”. Embora a pesquisa esteja
ainda em fase inicial, com uma quantidade de pacientes reduzida, ela “abre a
perspectiva de novos estudos futuros”, disse.
Segundo Mourilhe, o estudo
foi feito em pacientes que estiveram internados entre outubro e dezembro de
2013 no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, ligado à Universidade
Federal do estado (UFSC), e demonstra que o chocolate amargo pode trazer efeito
benéfico em relação à vasodilatação, similar ao efeito dos medicamentos usados
pelos cardiologistas em doentes cardiopatas.
Isso ocorre em função de um
composto químico existente no cacau, chamado flavonoide, presente também em
alguns vinhos, que tem ação anti-inflamatória e antioxidante e, em consequência,
tem potencial de ação vasodilatadora.
“Os vasodilatadores são
medicamentos que a gente usa normalmente em indivíduos com alguma cardiopatia.
Então, se você tem uma substância que pode causar esse benefício, uma forma de
transformar o efeito benéfico dessa substância em um medicamento seria produzir
essa substância em forma de comprimido e não necessariamente o chocolate,
porque ele tem outras substâncias que aumentam o peso”, disse.
O efeito anti-inflamatório e
antioxidante é semelhante ao efeito dos medicamentos para colesterol, que são
as estatinas. Com isso, diminuiria o colesterol ruim e aumentaria o colesterol
bom dos pacientes. “Seria outro efeito benéfico da substância [presente no
chocolate amargo]. Por isso, é tão relevante essa descrição, porque abre um
leque de oportunidades de desenvolvimento de novos produtos”.
A pesquisa analisou o
consumo diário, pelos pacientes estudados, de 100 gramas de chocolate amargo
com 85% de cacau, “ou seja, é bastante concentrada a questão do flavonoide”.
Mourilhe observou que quando se identifica algum produto alimentar que tem uma
substância positiva para o organismo humano, as etapas seguintes em um processo
de pesquisa consistem em transformar essa substância em medicamento, excluindo
os malefícios de outras substâncias misturadas.
O grupo que iniciou a
pesquisa deve dar sequência aos estudos, mas Mourilhe não descarta a
possibilidade de equipes de outros centros interessados participarem do
processo. Segundo o vice-presidente da Socerj, a indústria farmacêutica poderia
desenvolver esse medicamento.
A revista da Socerj recebe
artigos de todo o Brasil e de alguns países estrangeiros, como Portugal,
Colômbia, Venezuela. Ela tem tiragem de 4 mil exemplares e é indexada no Index
Medicus Latino-Americano (Lilacs).
Da Agência Brasil.
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