Aposentados e pensionistas
têm que ficar mais atentos às finanças pessoais. O alerta é de entidades
envolvidas na defesa dos direitos da categoria. Elas são contrárias ao aumento
do limite do empréstimo consignado, que está em vigor desde esta segunda-feira
(17), quando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) publicou, no Diário
Oficial da União, a Instrução Normativa 80. Ela regulamenta a Medida Provisória
681, de 10 de julho de 2015, que aumenta o teto do empréstimo consignado para
beneficiários do INSS de 30% para 35% da renda.
Pela Instrução Normativa –
cuja publicação já autoriza os bancos a trabalharem com as novas regras –, os
descontos consignados poderão ser efetuados em até 30% para as operações de
empréstimo pessoal e em até 5% para as operações de cartão de crédito. A Instrução
Normativa ainda ratifica o prazo máximo de 72 meses para o pagamento dos
empréstimos consignados. Antes fixado em 60 meses, o prazo total de quitação
dos financiamentos foi ampliado pelo governo para 72 prestações em setembro do
ano passado.
Contudo, a norma não promove
nenhuma alteração nos tetos das taxas de juros praticadas pelas instituições
financeiras. Os percentuais, em vigor desde maio de 2012, continuam valendo:
2,14% para o empréstimo pessoal, e 3,06%, para o cartão de crédito.
Coordenadora institucional
da entidade de defesa dos direitos dos consumidores Proteste, Maria Inês Dolci
diz que foi justamente o estímulo ao consumo, associado à facilidade do acesso
ao crédito, que levou ao alto endividamento das famílias, sobretudo de
aposentados e pensionistas. “As pessoas acharam que era muito fácil e se
endividaram. Essa é uma medida prejudicial, pois vai agravar essa situação”,
alerta a especialista. Ela complementa que outro fator negativo é que a
extensão foi permitida a partir do cartão de crédito, considerado um meio de
pagamento “perigoso” para quem não tem controle financeiro – o que é o caso da
maioria dos brasileiros, principalmente a categoria alvo da MP.
O presidente licenciado do
Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João
Inocentini, também é um crítico da medida, pelo mesmo motivo. “Isso não vai
resolver problemas, só vai aumentá-los”. Segundo Inocentini, quanto mais margem
houver, mais o aposentado se compromete, porque ganha pouco e acha que vai ter
mais dinheiro com o empréstimo.
Ambos acreditam o governo
foi movido por interesses de setores específicos. “Certamente há um lobby
fortíssimo que vai contra os interesses dos consumidores”, pontua Maria Inês.
Mas só Inocentini foi direto na acusação: para ele, a pressão do setor bancário
foi a responsável por esse movimento. “Não tenho dúvida que foi lobby dos
bancos!”, assegura o presidente licenciado do Sindnapi.
SEM 13º, APOSENTADOS VÃO À
JUSTIÇA - Apesar da importância das mudanças feitas pelo INSS, há uma questão
mais urgente que se impõe para aposentados e pensionistas: a suspensão do
adiantamento da metade do 13º agora em agosto. Embora fontes do governo já
tenham sinalizado para o corte, o Ministério da Fazenda ainda não se posicionou
oficialmente sobre o assunto. Mas o Sindnapi não vai esperar: nesta terça-feira
(18), o sindicato vai levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mesmo não sendo obrigatória,
a antecipação é feita desde 2006, quando foi iniciada no primeiro governo de
Luiz Inácio Lula da Silva e continuada depois que Dilma Rousseff assumiu a
Presidência da República.
Para o presidente licenciado
do sindicato, João Inocentini, o corte deixará a situação da categoria ainda
mais delicada.
Caso seja confirmado o não
pagamento, será a primeira vez em nove anos que cerca de 30 milhões de
beneficiários não poderão contar com o dinheiro.
Apesar de não haver um
posicionamento oficial, o atraso da ordem de pagamento já é considerado uma
prova de que o governo não quer mexer no caixa já combalido. Em 2014, a
autorização foi publicada no Diário Oficial da União no dia 5 de agosto. Até
agora a desse ano não saiu.
Edilson Rodrigues/Agência
Senado.
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