Um terço da população mundial adulta é fisicamente inativa e
o sedentarismo mata cerca de cinco milhões de pessoas anualmente, segundo
estudo de especialistas publicado nesta quarta-feira (18) na revista de
medicina britânica The Lancet.
De acordo com o trabalho, três a cada 10 indivíduos com mais
de 15 anos - o que representa 1 bilhão e meio de pessoas no mundo - não seguem
as recomendações de atividade física. O problema foi descrito pelos cientistas
como uma "pandemia".
O quadro para os adolescentes é ainda mais preocupante.
Quatro em cada cinco adolescentes com idades entre 13 e 15 anos não se
exercitam o suficiente.
A inatividade física é descrita no estudo como a falta de
exercícios moderados por uma duração de 30 minutos, cinco vezes por semana, e
práticas mais rigorosas durante 20 minutos, três vezes por semana, ou até mesmo
a combinação das duas coisas.
Os pesquisadores também comprovaram que o sedentarismo
aumenta com a idade, é maior entre as mulheres e predomina em países ricos.
Um segundo estudo, comparando atividades físicas com
estatísticas de incidência de doenças como diabetes, problemas cardíacos e
câncer, mostrou que a falta de exercício é responsável por mais de 5,3 milhões
das 57 milhões de mortes ocorridas em todo o mundo, em 2008.
O documento diz ainda que inatividade é um fator de risco
comparável ao fumo e à obesidade.
De acordo com o estudo, a falta de exercício causa cerca de
6% das doenças coronarianas, 7% dos casos de diabetes tipo 2, que é a forma
mais comum, e ainda 10% dos cânceres de cólon e mama.
Reduzir o sedentarismo em 10% pode eliminar mais de meio
milhão de mortes a cada ano, segundo os especialistas, que acrescentam ainda
que as estimativas são conservadoras.
O corpo humano precisa de exercícios para manter ossos,
músculos, coração e outros órgãos com o funcionamento ideal. Mas as pessoas
estão andando, correndo e pedalando cada vez menos e passando mais tempo em
carros e na frente do computador.
Ao generalizar a atividade física, a expectativa de vida da
população mundial poderia aumentar em 0,68 ano, quase como se todos os americanos
obesos voltassem ao peso normal, acrescenta o estudo. Também estima-se que o
tabaco mate 5 milhões de pessoas por ano.
De acordo com outro estudo realizado em 122 países e
liderado pelo Dr. Pedro C. Hallal (Universidade de Pelotas, Brasil), um terço dos
adultos e quatro adolescentes a cada cinco no mundo não praticam atividade
física suficiente, o que aumenta de 20 a 30% o risco de ter doenças
cardiovasculares, diabetes e alguns cânceres.
A maioria dos adultos inativos é encontrada em Malta (71%),
Sérvia (68%), Reino Unido (63%), enquanto a Grécia e a Estônia estão em as
nações que mais se movimentam, com apenas 16 e 17% respectivamente de pessoas
inativas.
Sobre a questão de como convencer as pessoas a se
movimentarem, nenhum estudo tem uma receita miraculosa. De acordo com Gregory
Heath (University of Tennessee), que estudou diferentes tentativas entre 2001 e
2011, as medidas mais eficazes são as campanhas dos meios de comunicação e
pequenas mensagens, como "subir de escada ao invés de elevador". Ele também
cita o exemplo de clubes de caminhada, a criação de ciclovias ou a proibição
pontual da circulação de carros nos centros das cidades.
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