A Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer à Justiça hoje
(23/07) para impedir que candidatos a vereadores e prefeitos disputem as
eleições municipais de outubro associando seus nomes aos de autarquias e
fundações públicas federais. A finalidade é evitar o registro de nomes
compostos como “Fulano do INSS”, conforme o exemplo de um candidato a vereador da
cidade de Boituva, no interior de São Paulo. Em nota divulgada nesta
segunda-feira, a AGU, órgão que representa judicialmente a União, informa já
ter identificado 210 casos de registros indevidos, número que ainda pode
aumentar.
Até o momento, o órgão mais mencionado é o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), com 93 registros. Em seguida vem a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), com 32 casos, o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra) aparece com 23, o Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS), com 17, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Nacionais Renováveis (Ibama), com 12 menções. Os nomes de universidades
federais foram usados indevidamente 15 vezes.
Segundo a AGU, a Constituição Federal e a legislação
eleitoral proíbem que os candidatos usem o nome, símbolos, frases ou imagens
associadas ou semelhantes a de entidades públicas em suas campanhas eleitorais.
A medida é uma forma de preservar as entidades públicas e evitar que os
políticos se beneficiem com o uso dos nomes de órgãos responsáveis por
administrar políticas públicas em prol do eleitorado.
Na avaliação do sociólogo José Antônio Lavareda,
especialista em marketing eleitoral, a medida é oportuna, embora indique outros
problemas do sistema eleitoral brasileiro. “Para saber se a utilização do nome
do órgão público é eficaz nós precisaríamos conhecer a origem do candidato. Se
ele reside em uma área em que o órgão público tem uma atuação relevante,
positiva, essa estratégia talvez faça sentido”, disse Lavareda à Agência
Brasil.
“A medida da AGU é importante porque coíbe o uso indevido do
nome do órgão público, mas é também mais uma demonstração do absurdo de nossa
legislação eleitoral, que permite que alguns candidatos associem seus nomes ao
de políticos populares ou que ocupam cargos públicos, como o ex-presidente da
República Luiz Inácio Lula da Silva ou até mesmo do governador Eduardo Campos,
entre outros. É a prova que o político sozinho não tem capacidade e tem que
apelar para a imagem de um soberano. E, nesses casos, não há o que possa ser
feito”, completou o sociólogo.
ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL.
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