Não são necessários muitos votos para se tornar vereador em Solidão, pequeno município de 5 mil habitantes localizado no Sertão pernambucano. Tanto é verdade que o candidato mais votado na última eleição municipal (2008) foi eleito com módicos 375 sufrágios – equivalente a 9% do total válido.
Porém, mesmo numa cidade tão pequena (em 2008 teve apenas 4.815 eleitores aptos), é difícil crer que alguém que tenha recebido um mísero voto possa assumir uma cadeira na Câmara Municipal. Foi o que aconteceu com a professora aposentada Celeste Barros (PR), 51 anos, que, de terceira suplente, acabou empossada na última segunda-feira (11). A nova vereadora teve apenas um voto. Detalhe: não foi seu. Nem do seu marido.
Agora, o que leva uma pessoa a se candidatar a uma eleição se nem ela mesma está disposta a se dar o tão precioso voto? “Eu entrei na disputa de repente, só para ajudar o partido, que tinha duas candidatas e precisava de uma terceira para atingir o mínimo exigido pela Justiça Eleitoral”, justificou Celeste. Segundo a legislação, pelo menos 30% dos candidatos proporcionais de um partido precisam ser do sexo feminino.
“A vice-prefeita estava procurando uma mulher para completar a chapa e me chamou para fazer parte. Eu recusei inicialmente, mas quando vi que o partido podia ser prejudicado, acabei aceitando”.
Aceitou, assim como fez em 2004, ano em que também se candidatou – e, mais uma vez, recebeu apenas um voto. Mas, se nem Celeste nem seu marido foram os responsáveis por esse voto que permitiu à professora aposentada adquirir um lugar na Câmara, quem o fez?
“Meu marido já tinha se comprometido a apoiar a uma outra candidata (Eliana Santos, do PSB) e eu resolvi acompanhar ele, votando nela também. Mas uma afilhada minha, que morou comigo por muitos anos, disse que queria me ajudar. Eu disse que ela ajudaria votando em Eliana. No dia da eleição ela me falou: ‘Eu votei na outra candidata, mas arrumei um voto para você’. Assim, eu tive meu único voto”, disse Celeste.
Uma série de fatores levou Celeste Barros à Câmara Municipal. Um dos vereadores eleitos pela sua coligação se licenciou por motivos de saúde, dando lugar a Peba (Antônio Marcos Melo), o primeiro suplente. Ano passado, Aparecida de Cleones, segunda suplente, faleceu. Semana passada, o vereador Dionísio Melo se licenciou, também por problema de saúde. Celeste acabou empossada.
Agora, assumindo um lugar justamente em ano eleitoral, as chances de uma nova candidatura são grandes, certo? “Não. O pessoal está pedindo, mas a última vez que eu me candidatei gerou uma ciumeira danada, porque você tira votos (votos?) de outros candidatos. Então, não estou querendo disputar”.
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