Não importam os esforços
para deter o aquecimento global: Miami, Nova Orleans e outras cidades costeiras
dos Estados Unidos serão engolidas pelo mar - afirma um estudo publicado nesta
segunda-feira (12/10).
"O futuro de muitas
cidades depende de nossas escolhas sobre as emissões de CO2, mas parece que já
é muito tarde para algumas delas, segundo nossa análise", disse Ben
Strauss, autor principal do estudo publicado no periódico Proceedings of the
National Academy of Sciences.
"É difícil imaginar
como defender Miami a longo prazo", assinala Strauss, explicando que a
baixa altitude de Miami e seu terreno pantanoso tornam difícil a construção de
barreiras e diques.
O estado da Flórida tem o
maior número de grandes cidades sob o risco de desaparecer sob o mar e abriga
40% da população americana que será afetada pelo fenômeno.
Depois da Flórida, outros
três estados americanos sofrerão maiores problemas: Califórnia, Louisiana e
Nova York.
Nova Orleans também ficará
sob as águas. "O que ocorrerá em Nova Orleans será muito triste (...) e
muito pior do que em Miami", adverte Strauss.
Nova York também não escapa,
mas, no pior dos casos, a cidade estará submersa a partir de 2085, prevê o
trabalho.
Os cientistas já
estabeleceram que, se nada for feito para reduzir a queima de combustíveis
fósseis até o ano 2100, o planeta enfrentará uma alta no nível do mar de entre
4,3 e 9,9 metros, explica Strauss, vice-presidente da ONG Climate Central.
"Já sabemos que vai
acontecer, a única dúvida é saber quando", afirma ele.
"Algo pode ocorrer tão
rapidamente como no próximo século (...), mas também pode demorar muitos
séculos", assinala Strauss à AFP.
Se para Miami e Nova Orleans
a sorte já está lançada, uma forte modificação para reduzir as emissões de
carbono aos níveis de 1950 poderia ajudar, porém, outras zonas.
Um total de 14 cidades com
mais de 100 mil habitantes poderia escapar do desastre, ao menos neste século,
a exemplo de Jacksonville (Flórida); Chesapeake, Norfolk e Virginia Beach
(Virgínia); e Sacramento e Stockton (Califórnia).
"Estamos tentando
mostrar as consequências das nossas escolhas em relação às emissões de
carbono", completou Strauss, cujo estudo foi editado por James Hansen,
cientista da Nasa reconhecido por seus estudos sobre mudança climática.
Empreender reduções de carbono
extremas e utilizar energias renováveis poderiam salvar milhões de pessoas que
vivem nas zonas costeiras, destaca o estudo, que adverte que mais de 20 milhões
de pessoas vivem nas zonas que ficarão submersas.
"É como pensar em um
monte de gelo em uma casa quente. Você já sabe que vai derreter, mas é difícil
dizer em que velocidade e o que vai fazer", acrescenta a pesquisa.
Da AFP
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