Fui, mais uma vez,
surpreendido às 7h00 da matina, na minha casa, por uma oficial de Justiça
chamada Tania, com um novo mandato de citação, peticionado pelo seu Paulo
Saraiva Câmara, estabelecendo o prazo de 48 horas para resposta a uma
interpelação judicial, a propósito de um comentário feito a partir das
declarações da senhora Graça Foster, na CPI da Petrobras, sobre o papel dos
políticos pernambucanos nesse imenso escândalo público.
No texto, intitulado
"Era tão bom, se tudo fosse mentira", há uma menção ao papel "do
atual governador" na intermediação da compra de uma aeronave, que
transportava o finado Eduardo Campos, e mencionava a ausência de alguém que
assumisse as responsabilidades penais e civis pelos danos causados pelo
desastre aéreo na cidade de Cumbica (SP). Aliás, essa é uma questão não
resolvida até hoje. Ou seja, não apareceu – até agora - ninguém para assumir a
titularidade do avião e responder civilmente na Justiça pelas consequências do
sinistro.
Quero deixar bem claro que
as informações prestadas naquele artigo não são de minha autoria. Não as
inventei. Colhi do noticiário sobre o desastre, a titularidade da aeronave e
das sessões do CPI, transmitidas ao vivo pela televisão. Confesso que escrevi
inúmeros artigos sobre esse malfado acontecimento. E sempre notei que havia uma
controvérsia sem fim sobre o desditoso voo. Ora se diz que a nave é do sócio, e
ex-presidente da Copergás, de Eduardo Campos; ora se diz que o avião era
alugado; ora se diz que era do governador, embora não estivesse em seu nome.
Quem escreveu uma excelente matéria sobre o assunto, foi o colunista Jânio de
Freitas, decano da imprensa brasileira, afirmando que faltava vontade política
para esclarecer o assunto, e acabar de vez com as especulações.
Vou prestar um favor ao
senhor Paulo Saraiva Câmara: enviar para ele, sem a necessidade de ocupar a 7ª
Vara Criminal, a sua secretaria e a coitada da Oficial de Justiça, tão cedo em
minha casa, a matéria. Ele pode ler com proveito e tomar as medidas que achar
melhor. Tudo que tenho afirmado, pelos artigos, entrevistas e comentários, é de
domínio público e diz respeito à atividade pública (ou republicana), não tem a
ver com a vida e a honra privada dos nossos "representantes" e seus
amigos.
Não tenho nada a esconder ou
de que me envergonhar. Não sou funcionário ou serviçal do senhor Paulo Câmara,
não recebi o meu cargo de professor titular do ex-governador Eduardo Campos,
nem fui eleito por ele. Não tenho negócios com o Estado de Pernambuco e nunca
me beneficiei de alguma transação ilícita, envolvendo obras públicas, como a
Construção da Arena Pernambuco, a Refinaria Abreu e Lima ou a venda dos imóveis
do Cais José Estelita. Portanto, só devo explicações aos meus dedicados e fiéis
leitores e à minha consciência.
Mas fica uma questão: o que
fazer com o outro mandado de citação, enviado pela 7ª Vara Criminal, marcando
uma audiência para o dia 11 de novembro deste ano? – Mudou de opinião? Se está
tão apressado assim para me ouvir, o que se conversará na audiência do dia 11?
– Corrigiu os erros daquela intimação, sem menção à queixa e sem a prova
anexada, fixando o prazo de 5 a 2 dias, para uma defesa prévia? – 0 que V.
Excia. deseja? – Quer me intimidar usando a Justiça ao seu bel-prazer? Quer me
prender? Quer me processar por injuria, calúnia e difamação ou ofensa à sua
honra objetiva?
MICHEL ZAIDAN - Cientista político da UFPE.
Brasil 247: - Melhor fariam esses gestores se, ao invés de quererem
intimidar seus críticos com pedidos de interpelação judicial sobre as críticas
a eles destinadas, atacassem os inúmeros problemas que afligem à população.
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