A oposição à gestão Paulo
Câmara reforçou nessa quinta-feira (30) a tese de que é preciso federalizar as
investigações sobre a morte do empresário Paulo César Morato. O depoimento mais
contundente partiu do deputado estadual Edilson Silva (PSOL). “Acho que agora,
na medida em que não foi confirmada morte natural, aproxima-se mais da
possibilidade de homicídio”, disse.
De acordo com o parlamentar,
a confirmação de que houve morte por envenenamento reforça a necessidade de
federalização das investigações.
Além de Edilson Silva,
outros membros da oposição endossaram a federalização após a confirmação de
morte por envenenamento. “O próprio governo estadual deveria chamar a Polícia
Federal para uma investigação conjunta para não dar margens a ilações”,
declarou a deputada estadual Priscila Krause (DEM).
A deputada estadual Teresa
Leitão (PT) faz coro. “Espero que o pedido dele seja atendido, tendo em vista
que Morato estava foragido da Operação Turbulência e era um investigado pela
Polícia Federal”, declarou.
Silvio Costa Filho (PRB)
cobra mais transparência. “Tem que se dizer se ele se envenenou ou foi
envenenado”, apontou.
O presidente do Sindicato
dos Policiais Civis, Áureo Cisneiros, disse que a federalização é
desnecessária. “A Polícia Civil tem as qualidades técnicas para conduzir o caso.
O que não pode é haver ingerência do governo estadual”, declarou em uma crítica
à gestão Paulo Câmara.
PSB silencia sobre
envenenamento de empresário ligado à Operação Turbulência.
A única manifestação pública
do governo estadual sobre a notícia do envenenamento de Paulo César Morato
partiu da Secretaria de Defesa Social após uma trapalhada na comunicação da
pasta. De resto, o caminho escolhido pelos aliados e interlocutores do
governador Paulo Câmara (PSB) foi o silêncio. A direção do partido socialista
no Estado também foi procurada para falar sobre o assunto, mas disse, por meio
de sua assessoria de comunicação, que “não vai comentar o caso”.
A última manifestação
oficial do PSB sobre a Operação Turbulência ocorreu no dia 21 de junho quando a
direção partidária declarou “ter plena confiança na conduta do nosso querido e
saudoso Eduardo Campos, ex-presidente (da legenda) e ex-governador de
Pernambuco”. A legenda se referia ao fato da operação apurar o aporte de
recursos ilícitos na campanha de Eduardo Campos à presidência da República.
Falhas na comunicação ditam
o tom no Governo Estadual no caso Paulo César Morato.
Os erros de comunicação do
governo no episódio da morte de Paulo César Morato parecem não ter fim. Três
dias depois de uma constrangedora entrevista coletiva de gestores de polícia em
que foram admitidos equívocos na condução do caso, ontem foi a vez da
Secretaria de Defesa Social (SDS) protagonizar mais uma gafe. Após o vazamento
da informação, no início da tarde dessa quinta-feira (30), de que Morato teria
morrido por envenenamento, a assessoria da SDS afirmou que, às 17h, a diretora
de Polícia Científica, Sandra Santos, se pronunciaria sobre o caso, na sede do
órgão, no bairro de Santo Amaro, área central da cidade. Às 17h40, com todas as
equipes de imprensa já no auditório da Secretaria, a assessoria informou que
Sandra não falaria mais. Em vez disso, foi distribuída uma nota em que o
governo confirmou a morte do empresário como relacionada à ingestão de veneno.
Sem o secretário de Defesa
Social, que está de férias, e sem a diretora de Polícia Científica, ficou para
a assessoria o incômodo papel de tentar explicar a um batalhão de jornalistas
coisas que apenas profissionais especializados poderiam.
Não havia sequer um simples
perito da Polícia Científica presente para esmiuçar a nota, então os repórteres
foram orientados pela assessoria a procurar no buscador Google o significado da
expressão “intoxicação exógena por organofosforado”. E foi assim que todos
descobriram que organofosforado é o tipo de pesticida popularmente conhecido
como “chumbinho”.
Na última segunda-feira,
também na sede da SDS, o secretário executivo de Defesa Social, Alexandre
Lucena, reuniu o chefe da Polícia Civil, Antônio Barros, a delegada Gleide
Ângelo, responsável pelo caso, e a perita Vanja Coelho, além do superintendente
da Polícia Federal em Pernambuco, Marcello Cordeiro. Foram admitidos erros de
comunicação no que diz respeito à não realização da perícia papiloscópica no
motel Tititi, no dia 24. No momento mais constrangedor da coletiva, Alexandre Lucena
perguntou a todos na mesa se havia algum tipo de pressão ou de orientação superior
que interferisse nas investigações, o que foi rechaçado por todos os presentes.
E, mesmo assim, ainda não querem que a Federal assuma o caso.
Do JC Online.
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