Considerado um dos
principais protagonistas do processo de impeachment da presidente afastada
Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) iniciou a batalha
contra o governo muito antes do afastamento da petista ser concluído na Câmara
dos Deputados, em abril deste ano. A primeira derrota que ele imprimiu ao governo
foi na própria eleição para presidência da Câmara, quando derrotou o petista
Arlindo Chinaglia (PT) e Júlio Delgado (PSB). A escolha aconteceu no dia 1º de
fevereiro de 2015.
Mas o primeiro ano de
mandato de Cunha foi marcado por discussões acaloradas, projetos polêmicos,
investigações complexas e denúncias de corrupção na Operação Lava Jato. Dois
meses depois de eleito, Cunha entrou na mira do Supremo Tribunal Federal (STF).
No dia 6 de março, o ministro Teori Zavascki autorizou a investigação de
políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e
derrubou o sigilo da lista de investigados. Entre eles, estavam Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Primeiro baque do deputado.
No mesmo mês, Cunha prestou
depoimento na CPI da Petrobras e negou ter contas no exterior. A declaração foi
dada meses antes de vir à tona investigação aberta pelo Ministério Público
suíço, que apontou a existência de contas no nome dele no país europeu. O caso
complicou a discurso do deputado.
Meses depois, o lobista Júlio
Camargo, que assinou acordo de colaboração premiada, afirmou em depoimento à
Justiça Federal que foi chantageado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e
pagou a ele US$ 5 milhões em propina em 2011 para garantir a continuidade de um
contrato bilionário com a Petrobras. Isso sinalizada que o cerco ao presidente
começava a se fechar.
Mas, mesmo atingido, o
deputado continuou a protagonizar o processo de impeachment contra Dilma. A
batalha começou a entrar na reta final, em setembro de 2015, quando Cunha
recebeu o aditamento ao principal pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
A entrega do documento foi feita pelo jurista Miguel Reale Jr. e por uma filha
do fundador do PT Hélio Bicudo, que representou o pai, foi seguida por
discursos contra Dilma e o governo.
Porém, enquanto ele trilhava
o caminho do afastamento da petista, as autoridades traziam à tona denúncias
contra o presidente. No fim do ano passado, autoridades da Suíça enviaram ao
Brasil dados de contas secretas que, segundo a Procuradoria-Geral da República,
eram dele e de seus familiares. O caso colocou Cunha, a mulher, Cláudia Cruz, e
a filha no olho do furacão.
As revelações contra o
deputado e as contas secretas culminaram com a entrada de dois partidos - PSOL
e Rede - com representação no Conselho de Ética da Câmara contra Cunha por
suposta quebra de decoro parlamentar. A motivação foi o fato dele ter mentido
em depoimento à CPI da Petrobras.
Mas Cunha conquistou o baixo
clero da Câmara dos Deputados e conseguiu manobrar a maioria parlamentar mesmo
cravejado de críticas. Após a escolha do relator do processo de cassação, o
deputado Fausto Pinato (PP-SP), Cunha articulou para pressioná-lo até ele
renunciar à vaga no Conselho de Ética.
No final do ano passado, o
presidente da Câmara sofreu nova rasteira, quando o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal o afastamento
de Cunha do cargo de deputado federal e, consequentemente, das funções na presidência
da Casa. A justificativa foi que Cunha tentou obstruir investigações criminais.
Cunha tornou-se réu no STF
em março, por dez votos a zero. O julgamento decidiu pela abertura de processo
criminal contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No entanto, mesmo com todo o
desgaste enfrentado, Cunha conseguiu manobrar e orquestrar um movimento na Casa
que culminou com a votação do impeachment no dia 17 de abril. A oposição
conseguiu somar 342 votos.
O tombo veio um mês depois,
quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator da
Operação Lava Jato, determinou o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), do mandato de deputado federal e, consequentemente, da
presidência da Casa. Por isso, o deputado citou isso no discurso de renúncia
nesta quinta (7). Havia o sentimento entre os deputados que, primeiro, era
necessário o afastamento da presidente Dilma, em seguida a saída de Cunha.
Do JC Online.
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