sábado, 23 de julho de 2016

Caixa corta Minha Casa Minha Vida para pobre e financia imóveis para ricos.


A Caixa anunciou na segunda-feira 18 que passará a financiar imóveis de até R$ 3 milhões, o dobro do limite de financiamento em vigor até agora, de R$ 1,5 milhão. A medida, que começa a valer já na segunda-feira 25, prevê ainda o financiamento de uma parcela maior do valor do imóvel por meio do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), modalidade que não utiliza dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A cota de financiamento para imóveis usados subirá de 60% para 70% do valor total. E para compra de imóvel novo, construção em terreno próprio, aquisição de terrenos e reforma ou ampliação, a cota passou de 70% para 80%.

O diretor executivo do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis, destaca que a política é equivocada e classista e lembra que uma das primeiras medidas do governo Temer foi revogar, em 17 de maio, portaria da presidenta eleita Dilma Rousseff que ampliava o programa Minha Casa, Minha Vida, que financia imóveis para a população de baixa renda. Diante de manifestações em todo o país dos movimentos de luta por moradia, o governo interino voltou atrás e relançou a portaria no início de junho.

“A direção do banco público anuncia financiamento maior para ricos ao mesmo tempo em que ameaça a continuidade de programas sociais que promovem inclusão da parcela mais pobre da população. Essa medida mostra claramente que Temer e seus aliados governam para os mais ricos”, critica Dionísio.


Ele destaca ainda que o banco público vem restringindo o acesso a diversas linhas de crédito quando deveria fazer o contrário. “A Caixa deveria promover o acesso ao crédito para a população e, assim, desempenhar um papel anticíclico em momentos de crise como o que estamos vivendo. Mas vem tomando medidas de redução do funding. Agora vai emprestar para uma parcela mais rica da população, que pode ter acesso ao crédito de outras formas, enquanto abre mão de financiar para os mais necessitados.”

Cortes na Caixa – O dirigente enfatiza ainda que a ampliação do financiamento de imóveis para a elite ocorre em um contexto de cortes do banco com pessoal, a partir de reduções na remuneração dos empregados e também da não reposição de vagas abertas pelo Programa de Apoio à Aposentadoria (PAA). Além da ameaça de fechamento de agências.

“A Caixa sobrecarrega os trabalhadores e compromete o atendimento à população com a falta de empregados: em 2015 saíram 3,2 mil bancários pelo PAA e o banco não repôs essas vagas. A estimativa é que mais 1,5 mil saiam esse ano também pelo programa”, informa Dionísio.

Ele ressalta que os ataques aos direitos dos bancários e a precarização das condições de trabalho na instituição vêm junto com outra ameaça: a de privatização do banco público. “O governo Temer já deixou claro que, além de acabar com direitos trabalhistas e sociais, quer privatizar o patrimônio público”, diz.


Andréa Ponte Souza, com informações da Agência Brasil – 19/7/2016.

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