O presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, declarou nesta segunda-feira
(25) que a proibição do financiamento privado para as campanhas sem mudança no
sistema eleitoral foi um "salto no escuro". Para Mendes, a eleição
municipal deste ano é um "experimento institucional" e em novembro
deverá haver uma discussão sobre uma reforma no sistema eleitoral.
Ele disse que há a
preocupação no TSE de que "organizações criminosas atuem de maneira mais
enfática" no processo, em outubro. Um dos principais desafios, de acordo
com o ministro, é fiscalizar quem são os doadores pessoa física para saber se
têm condições de repassar a quantia declarada aos candidatos.
Ele informou que há
preocupação de que haja compra de CPFs, como tentativa de burlar as novas
regras. Mendes também reforçou que há uma preocupação com a realização de caixa
2, considerando o teto de gastos fixado em um valor mais baixo do que em
eleições anteriores e a falta de recursos regulares.
Para Mendes, há
"distorções" no teto de alguns municípios e por isso o TSE deverá
discutir casos separadamente. "Não teremos condições de evitar a
judicialização, questões ligadas ao Ficha Limpa, vamos ter impugnações das
eleições, inclusive por essa questão ligada ao teto, abuso de caráter
econômico. Por isso dizemos até constrangidamente que o resultado na
proclamação será provisório (...) Vamos chegar a outubro sem que temas estejam
definitivamente resolvidos."
Mendes anunciou nesta
segunda-feira que o gasto total com a eleição municipal deste ano deverá ficar
em torno de R$ 600 milhões. Apesar de apenas 122 pessoas terem registrado
candidatura a prefeito, vice-prefeito ou vereador até o momento, a expectativa
de Mendes é de que o número chegue a cerca de 530 mil candidatos até o dia 15
de agosto, prazo final para os registros eleitorais.
"As convenções
ocorreram também agora, no final de semana, e então nós estamos diante de
decisões que certamente vão multiplicar esses números nos próximos dias",
disse o ministro. Segundo o presidente do TSE, não há nenhuma "razão
específica" para o baixo número de registros. "Ninguém desistiu da
política. Certamente nos mais de 5 mil municípios teremos um número expressivo
de candidatos", declarou.
De acordo com Mendes, já
houve uma redução nos prazos de campanha este ano e qualquer alteração no
período estipulado para os registros eleitorais deve ser pensada para as
eleições de 2018. Para ele, a ideia da redução de prazo já vinha sendo
reforçada pelo TSE e somente após a eleição deste ano será possível fazer uma
verificação para analisar os benefícios reais do encurtamento dos prazos.
"Isso talvez seja até
uma contribuição para o barateamento das campanhas e tudo mais, embora também
tenha consequências, certamente depois saberemos quem foi eleito, se houve mais
sucesso na reeleição ou não (...) A redução de prazo tem consequência no que
diz respeito à judicialização e à insegurança jurídica quanto ao
verdadeiramente eleito, vamos ter anulações de eleições, realizações de
eleições suplementares."
O TSE divulgou ainda que
cerca de 144 milhões de brasileiros estão aptos para votar em 5.568 cidades.
São Paulo é a que possui o maior número de eleitores: 8.886.324. Já o menor
eleitorado está em Araguainha, no Mato Grosso, com 954 eleitores Do total de
eleitores, a maioria (52,21%) é mulher.
Houve uma redução entre os
eleitores jovens. Do total, apenas 2,3 milhões de eleitores têm 16 ou 17. Em
2012, esse número chegou a quase três milhões. Para o ministro, a redução pode
representar uma descrença dos jovens sobre a política e uma falta de incentivo
dos políticos a esses eleitores. Do total de eleitores aptos, 11,3 milhões têm
mais de 70 anos.
Segundo o TSE, 92 municípios
poderão ter segundo turno porque têm mais de 200 mil eleitores. Em 2.380
cidades haverá votação com identificação biométrica, sendo que em 1.540 haverá
100% de biometria e em 840 cidades o sistema será híbrido, com a verificação
pela digital apenas para parte dos eleitores, aqueles que já possuem dados
coletados.
Estadão Conteúdo.
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