quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

STF tem oportunidade de dar lição à elite política.


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao ministro Teori Zavascki razões consistentes para justificar o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara e do cargo de deputado federal. Fez uma solicitação ao STF (Supremo Tribunal Federal) em caráter cautelar.

O tribunal deve analisar com urgência o pedido de Janot sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a fim de não provocar eventuais novos danos. O STF tem esse dever. Não dá para deixar isso para depois do recesso do Judiciário, o que jogaria a decisão para fevereiro.

O Congresso ainda não definiu a extensão do seu recesso. Aliás, os deputados e senadores não deveriam entrar em férias sem dar uma resposta rápida ao país sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há possibilidade de os deputados e senadores anteciparem a volta ao trabalho em meados de janeiro, mas isso dependerá de acordos.

Mesmo em recesso, a presidência da Câmara pode manter uma rotina de atividades com ingrediente político. Enquanto estiver no cargo, Cunha tem poder de mobilização sobre uma série de aliados.

A classe política brasileira vem faltando ao país. É uma irresponsabilidade com o Brasil que o Congresso pare de trabalhar na hora em que precisa analisar um processo de impeachment, da nova perda do grau de investimento e da piora cotidiana da economia, com efeitos desastrosos sobre o emprego e a renda.

Agora, até suspensão do Whatsapp, uma rede social que já foi incorporada à rotina de trabalhos de muitas pessoas, que montam grupos, fazem negócios a acertam compromissos, está suspensa por 48 horas. Parece uma piada.

O país tem problemas urgentes a tratar, do zika vírus à crise econômica, do impeachment a Eduardo Cunha.

O STF daria um belo exemplo à elite política do país se mantivesse um calendário para responder rapidamente ao pedido de Janot sobre Eduardo Cunha. A corte poderia pegar o embalo da reunião de hoje para decidir o rito do impeachment e marcar sessões para sexta, segunda e terça a fim de analisar o destino do presidente da Câmara.
KENNEDY ALENCAR

BRASÍLIA.

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