A baixa presença de
manifestantes nos atos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff deixaram o
governo aliviado, embora a postura de cautela tenha predominado nas análises
iniciais feitas neste domingo(13). Agora, o Palácio do Planalto espera poder
fazer o que tem sido chamado de "debate com a sociedade" para evitar
o afastamento da petista.
O único a comentar
publicamente os protestos realizados ontem foi o ministro Edinho Silva
(Comunicação Social). Após conversar por telefone com o colega da Casa Civil,
Jaques Wagner, Edinho fez declarações diplomáticas em relação às manifestações,
chamadas de "normais em um regime democrático", e sem estimular o
embate com os adversários do governo. "Tudo dentro da normalidade em um
País democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um
Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática", afirmou o
ministro.
Segundo a assessoria do
Planalto, Dilma permaneceu o dia todo no Palácio do Alvorada, sem receber
visitas. As vias de acesso à residência oficial tiveram um dia típico de
domingo, com pouco trânsito e turistas ao redor. A poucos quilômetros dali, na
Esplanada dos Ministérios, o ato pelo impeachment reunia 3 mil pessoas, segundo
a Polícia Militar.
Nas análises repassadas a
Dilma por telefone, auxiliares do governo registraram que a presidente não foi
poupada nos protestos, mas nenhuma outra figura política foi cortejada pelos
manifestantes. Também houve protestos contra o vice-presidente Michel Temer
(PMDB), que na semana passada ensaiou uma ruptura com o governo por meio de uma
carta de queixas, e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Manifestantes pediram a saída dos dois.
O governo avalia que terá o
período de festas de fim de ano e de férias escolares para tentar esfriar o
clima de tensão política. Pelo menos até março não estão previstas grandes
manifestações. É o tempo que o Planalto considera fundamental para reavaliar
estratégias políticas e ganhar força na opinião pública.
Para auxiliares da
presidente, a tese do impeachment, emplacada pela oposição na última semana,
ainda não chegou totalmente à sociedade. Nessa análise, o governo ainda teria
espaço para disputar a opinião pública.
A meta é intensificar, nas
próximas semanas, iniciativas de "esclarecimento" à população de que
os argumentos seriam políticos, e não jurídicos. Ministros próximos da
presidente defendem reforçar o discurso de ligar a aceitação do pedido de
impeachment a Cunha, que foi denunciado por suspeita de manter dinheiro de
propina no exterior.
Do JC Online.
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