segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A história do Café no Brasil.

     
Há relatos que o café chegou ao Brasil pela região norte do país, mais especificamente em Belém do Pará, trazido pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta que consegui uma muda da espécie Arábica da planta através de sua amizade com a esposa do Governador da cidade de Caiena, capital da Guiana Francesa, isto em 1727.

Esta muda foi trazida para o Brasil clandestinamente devido o seu auto valor comercial e se adaptando rapidamente às nossas condições climáticas se espalhando pelos estados do Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Com este pequeno passo do Sargento Palheta o Brasil veio a conhecer um novo ciclo econômico na agricultura nacional. Isto logo passou a gerar maiores frutos com o começo da exportação do grão se aproveitando, o Brasil, da crise no Haiti, país, então, maior exportador mundial e que devido à longa guerra de independência que manteve contra a França o fragilizou, abrindo espaço para escoamento da nossa cultura para outros países.          
    
O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais.

Surgiram elegantes mansões dos fazendeiros de café e ficou bastante evidenciada a cultura europeia em nossas terras.

Aí, então, veio à primeira crise do café no Brasil, como consequência do alastramento do cultivo da planta com o mínimo de conhecimento em regiões inadequadas e com uma grande geada em 1870, que atingiu o oeste paulista provocando prejuízos incalculáveis.               

Depois de uma longa crise, a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanças de um futuro melhor. A busca pela região ideal para a cultura do café se estendeu por todo o país, se firmando hoje em regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. O café continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e é, sem dúvida, o mais brasileiro de todos. Hoje o país é o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto, atrás, apenas dos Estados Unidos.

Os escravos tiveram um importante papel nas fazendas cafeeiras, no entanto foram substituídos por trabalhadores assalariadas, após a assinatura da Lei Imperial, mais conhecida com Lei Aurea pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 sendo o diploma o legal que aboliu a escravatura no Brasil.

Como a mão-de-obra no Brasil era escassa, o país se viu fadado a optar por imigrantes, principalmente europeus. Daí a cultura ganhou impulso e durante três quartos de século, quase toda riqueza do país se concentrou na agricultura cafeeira. O Brasil dominava 70% da produção mundial e ditava as regras do mercado. Nessa época os fazendeiros de café se tornaram a elite social e política, formando umas das últimas aristocracias brasileiras.

Uma nova crise, desta feita em 1929 e o café não resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preço caiu bruscamente. Como o Brasil era muito dependente das exportações de um único produto, o café, mais do que gerar dificuldades econômicas, a crise provocou uma mudança no foco de poder no país, acabando com um pacto político interno que já durava mais de trinta anos.

Este pacto era conhecido como a política do café com leite, onde entre os anos de 1894 e 1930, os presidentes da República foram eleitos pelos paulistas barões do café num mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros, viabilizado pela hegemonia da oligarquia cafeeira paulista na época e que garantiu a formação de uma economia agrícola praticamente mono-exportadora no país.

A crise fez com que milhões de sacas de café estocadas fossem queimadas e milhões de pés de café fossem erradicados, na tentativa de estancar a queda contínua de preços provocada pelos excedentes de produção. 

O que aconteceu, então, foi que o foco do poder no país foi deslocado para o gaúcho Getúlio Vargas, que se tornou presidente da República após a Revolução de 1930. Do ponto de vista político, a crise foi importante porque desviou o foco do poder para Getúlio Vargas e para um projeto de industrialização.

O novo presidente, porém, sabia que, mesmo com o fim da oligarquia paulista, o café não podia ser deixado de lado. Assumiu, então, uma nova política de defesa da cafeicultura, na tentativa de equilibrar os preços e evitar a superprodução.

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste do país voltou a crescer, desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na indústria, que assumia parcelas maiores da economia. O café retomou sua importante posição nas exportações brasileiras e, mesmo perdendo mercado para outros países produtores, o país ainda se mantém como maior produtor de café do mundo.          

Nos anos 50, surgiu o Instituto Brasileiro do Café - IBC. Criado com o objetivo de definir a política para o setor, coordenar e controlar estratégias, desde a produção até a comercialização interna e externa, o IBC também ofereceu assistência técnica e econômica à cafeicultura e promoveu estudos e pesquisas em prol da cultura e da economia cafeeira.

Com a extinção do IBC, em 1990, as instituições que trabalhavam com café sentiram a necessidade de se organizarem e terem um direcionamento em suas atividades de pesquisa para otimização dos resultados. Assim foi criado, em 1996, o Conselho Deliberativo de Política do Café - CDPC, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. O CDPC tem a finalidade de formular as políticas públicas concernentes à produção, comercialização, exportação e marketing, bem como de estabelecer programa de pesquisa agronômica e mercadológica para dar suporte técnico e comercial ao desenvolvimento da cadeia agroindustrial do café.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, e segundo maior consumidor do produto, apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,256 milhões de hectares. São cerca de 287 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900 municípios, que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em 15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. Com dimensões continentais, o país possui uma variedade de climas, relevos, altitudes e latitudes que permitem a produção de uma ampla gama de tipos e qualidades de cafés.

Atualmente, o café é fonte imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam na sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.

Ano a ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos. O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores internacionais mais exigentes.

A cadeia produtiva de café é responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos no país, proporcionando renda, acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e suas famílias. Em algumas regiões cafeeiras, programas de inclusão digital capacitam jovens e adultos, ensinando noções básicas de computação e acesso à Internet.

Devido à diversidade de regiões ocupadas pela cultura do café, o País produz tipos variados do produto, fato que possibilita atender às diferentes demandas mundiais, referentes ao paladar e até aos preços. Essa diversidade também permite o desenvolvimento dos mais variados blends, tendo como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, especiais e de outras características.

O setor cafeeiro conta com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), criado pelo Decreto-Lei nº 2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e à competitividade dos setores produtivos, à qualificação da mão de obra e à publicidade e promoção dos cafés brasileiros, nos mercados interno e externo, priorizando as linhas de financiamento para custeio, colheita, estocagem e aquisição de café, entre outros instrumentos de política agrícola.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por intermédio da unidade Embrapa Café, coordena o Consórcio Pesquisa Café, o qual tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias que promovam sustentabilidade, competitividade, inovação e desenvolvimento tecnológico da cafeicultura brasileira.

A evolução da cafeicultura brasileira demonstra a importância dos trabalhos de pesquisas, concentradas nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de processos e desenvolvimento de equipamentos.

Atualmente, o café é fonte imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam na sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.
BIBLIOGRAFIA
NEVES, C. - A estória do café. Rio de janeiro, Instituto Brasileiro do Café, 1974. 52 p.
TAUNAY, A. de E. - História do café no Brasil: no Brasil Imperial 1822-1872. Rio de Janeiro, Departamento Nacional do Café, 1939.


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