Há relatos que o café chegou
ao Brasil pela região norte do país, mais especificamente em Belém do Pará,
trazido pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta que consegui uma muda da
espécie Arábica da planta através de sua amizade com a esposa do Governador da
cidade de Caiena, capital da Guiana Francesa, isto em 1727.
Esta muda foi trazida para o
Brasil clandestinamente devido o seu auto valor comercial e se adaptando
rapidamente às nossas condições climáticas se espalhando pelos estados do
Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Com este pequeno passo do
Sargento Palheta o Brasil veio a conhecer um novo ciclo econômico na
agricultura nacional. Isto logo passou a gerar maiores frutos com o começo da
exportação do grão se aproveitando, o Brasil, da crise no Haiti, país, então,
maior exportador mundial e que devido à longa guerra de independência que
manteve contra a França o fragilizou, abrindo espaço para escoamento da nossa
cultura para outros países.
O café trouxe grandes
contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a
diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais.
Surgiram elegantes mansões
dos fazendeiros de café e ficou bastante evidenciada a cultura europeia em
nossas terras.
Aí, então, veio à primeira
crise do café no Brasil, como consequência do alastramento do cultivo da planta
com o mínimo de conhecimento em regiões inadequadas e com uma grande geada em
1870, que atingiu o oeste paulista provocando prejuízos incalculáveis.
Depois de uma longa crise, a
cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e
exportadores voltaram a alimentar esperanças de um futuro melhor. A busca pela
região ideal para a cultura do café se estendeu por todo o país, se firmando hoje
em regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia
e Rondônia. O café continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o
Brasil e é, sem dúvida, o mais brasileiro de todos. Hoje o país é o primeiro
produtor e o segundo consumidor mundial do produto, atrás, apenas dos Estados
Unidos.
Os escravos tiveram um
importante papel nas fazendas cafeeiras, no entanto foram substituídos por
trabalhadores assalariadas, após a assinatura da Lei Imperial, mais conhecida
com Lei Aurea pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 sendo o diploma o
legal que aboliu a escravatura no Brasil.
Como a mão-de-obra no Brasil
era escassa, o país se viu fadado a optar por imigrantes, principalmente
europeus. Daí a cultura ganhou impulso e durante três quartos de século, quase
toda riqueza do país se concentrou na agricultura cafeeira. O Brasil dominava
70% da produção mundial e ditava as regras do mercado. Nessa época os
fazendeiros de café se tornaram a elite social e política, formando umas das últimas
aristocracias brasileiras.
Uma nova crise, desta feita
em 1929 e o café não resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu
preço caiu bruscamente. Como o Brasil era muito dependente das exportações de
um único produto, o café, mais do que gerar dificuldades econômicas, a crise
provocou uma mudança no foco de poder no país, acabando com um pacto político
interno que já durava mais de trinta anos.
Este pacto era conhecido
como a política do café com leite, onde entre os anos de 1894 e 1930, os
presidentes da República foram eleitos pelos paulistas barões do café num
mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros, viabilizado pela hegemonia da
oligarquia cafeeira paulista na época e que garantiu a formação de uma economia
agrícola praticamente mono-exportadora no país.
A crise fez com que milhões
de sacas de café estocadas fossem queimadas e milhões de pés de café fossem
erradicados, na tentativa de estancar a queda contínua de preços provocada
pelos excedentes de produção.
O que aconteceu, então, foi
que o foco do poder no país foi deslocado para o gaúcho Getúlio Vargas, que se
tornou presidente da República após a Revolução de 1930. Do ponto de vista
político, a crise foi importante porque desviou o foco do poder para Getúlio
Vargas e para um projeto de industrialização.
O novo presidente, porém,
sabia que, mesmo com o fim da oligarquia paulista, o café não podia ser deixado
de lado. Assumiu, então, uma nova política de defesa da cafeicultura, na
tentativa de equilibrar os preços e evitar a superprodução.
Quando a economia mundial
conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste do país voltou a crescer,
desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na indústria, que
assumia parcelas maiores da economia. O café retomou sua importante posição nas
exportações brasileiras e, mesmo perdendo mercado para outros países
produtores, o país ainda se mantém como maior produtor de café do mundo.
Nos anos 50, surgiu o
Instituto Brasileiro do Café - IBC. Criado com o objetivo de definir a política
para o setor, coordenar e controlar estratégias, desde a produção até a
comercialização interna e externa, o IBC também ofereceu assistência técnica e
econômica à cafeicultura e promoveu estudos e pesquisas em prol da cultura e da
economia cafeeira.
Com a extinção do IBC, em
1990, as instituições que trabalhavam com café sentiram a necessidade de se
organizarem e terem um direcionamento em suas atividades de pesquisa para
otimização dos resultados. Assim foi criado, em 1996, o Conselho Deliberativo
de Política do Café - CDPC, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - Mapa. O CDPC tem a finalidade de formular as políticas públicas
concernentes à produção, comercialização, exportação e marketing, bem como de estabelecer
programa de pesquisa agronômica e mercadológica para dar suporte técnico e
comercial ao desenvolvimento da cadeia agroindustrial do café.
O Brasil, maior produtor e
exportador mundial de café, e segundo maior consumidor do produto, apresenta,
atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,256 milhões de hectares. São cerca
de 287 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900
municípios, que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em
15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rondônia e São Paulo. Com dimensões continentais, o país possui uma
variedade de climas, relevos, altitudes e latitudes que permitem a produção de
uma ampla gama de tipos e qualidades de cafés.
Atualmente, o café é fonte
imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal
gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos
da exportação e do consumo interno de café implicam na sustentabilidade
econômica do produtor e de sua atividade.
Ano a ano aumentam os
investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores
condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além
de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de
recursos. O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a
alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um
fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores
internacionais mais exigentes.
A cadeia produtiva de café é
responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos no país,
proporcionando renda, acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e suas
famílias. Em algumas regiões cafeeiras, programas de inclusão digital capacitam
jovens e adultos, ensinando noções básicas de computação e acesso à Internet.
Devido à diversidade de
regiões ocupadas pela cultura do café, o País produz tipos variados do produto,
fato que possibilita atender às diferentes demandas mundiais, referentes ao
paladar e até aos preços. Essa diversidade também permite o desenvolvimento dos
mais variados blends, tendo como base o café de terreiro ou natural, o
despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de
cafés aromáticos, especiais e de outras características.
O setor cafeeiro conta com o
Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), criado pelo Decreto-Lei nº
2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao
desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e à competitividade
dos setores produtivos, à qualificação da mão de obra e à publicidade e
promoção dos cafés brasileiros, nos mercados interno e externo, priorizando as
linhas de financiamento para custeio, colheita, estocagem e aquisição de café,
entre outros instrumentos de política agrícola.
A Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por intermédio da unidade Embrapa Café,
coordena o Consórcio Pesquisa Café, o qual tem como objetivo o desenvolvimento
de tecnologias que promovam sustentabilidade, competitividade, inovação e desenvolvimento
tecnológico da cafeicultura brasileira.
A evolução da cafeicultura
brasileira demonstra a importância dos trabalhos de pesquisas, concentradas nas
áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização
do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura
irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de
processos e desenvolvimento de equipamentos.
Atualmente, o café é fonte
imprescindível de receita para centenas de municípios, além de ser o principal
gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos
desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam na
sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.
BIBLIOGRAFIA
NEVES, C. - A estória do
café. Rio de janeiro, Instituto Brasileiro do Café, 1974. 52 p.
TAUNAY, A. de E. - História
do café no Brasil: no Brasil Imperial 1822-1872. Rio de Janeiro, Departamento
Nacional do Café, 1939.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário para que possamos melhorar sempre o nosso Blog.