As contratações do Minha Casa Minha Vida
neste ano vão fechar no pior patamar desde o início do programa de habitação
popular. Segundo dados do Ministério das Cidades, obtidos pelo jornal "O Estado
de S. Paulo", de janeiro a novembro, foram contratadas 365.269 moradias.
É o pior resultado desde 2009, quando o
programa foi lançado - neste ano, em nove meses, o governo contratou 286.213
unidades habitacionais.
Em 2014 todo, foram contratadas 515.499
moradias, 46% inferior do que o desempenho recorde de 2013, quando foram
contratadas quase 1 milhão de casas.
O MCMV só não parou este ano porque contou
com os recursos do FGTS. Para a chamada faixa 1, foram direcionados R$ 3,3
bilhões para pagar as obras de 80 mil moradias que estavam em construção, mas
paralisadas por causa dos atrasos do pagamento do governo às construtoras. O
FGTS foi autorizado a custear até 80% do valor do imóvel neste ano, com limite
de R$ 45 mil por moradia.
O fundo também é responsável pelos subsídios
e descontos das faixas 2 e 3. As moradias dessas duas faixas representam 96% do
total que foi contratado neste ano. As contratações para a faixa 1, público que
mais precisa do programa, ficaram praticamente paralisadas em 2015. Não houve
contratações para os municípios com até 50 mil habitantes.
Desde maio de 2014, a presidente Dilma
Rousseff anunciou várias vezes que as contratações da terceira etapa do
programa começariam este ano. Usou até mesmo o Twitter para isso, além dos
discursos. Teve até evento no Palácio do Planalto para divulgar as novas regras
do programa. Em uma das últimas promessas, o ministro das Cidades, Gilberto
Kassab, disse, em outubro, em evento de entrega de casas, que a presidente
assinaria as contratações da terceira fase "nas próximas semanas", o
que não ocorreu.
Está praticamente decidido que o programa só
começará a contratar moradias da terceira etapa em fevereiro de 2016. Será
quase impossível para o governo, como se admite nos bastidores, cumprir a meta
de contratar 3 milhões de moradias do MCMV 3 até 2018.
De acordo com os dados mais atualizados do
programa, desde 2009, foram contratados 4,1 milhões de moradias, dos quais 2,4
milhões foram entregues. De acordo com Kassab, as casas que foram contratadas
na segunda etapa (2011-2014) vão ser concluídas até meados de 2017.
Se as contratações emperraram, depois que
atingiu os piores índices de popularidade, a presidente não perdeu uma
oportunidade de participar de entregas das moradias do programa como potencial
para uma agenda positiva. Até agora, foram 21 eventos desse tipo em 2015, mais
do que os 13 de 2014, ano de campanha para a reeleição. Nessas ocasiões, a
presidente promete a continuidade do programa, mesmo em meio à crise econômica.
A cada evento, ela marca uma nova data para tirar o MCMV 3 do papel.
Do Jornal O Estado de S. Paulo.
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