Sou jovem, não tenho chances
de desenvolver câncer de próstata. Não tenho casos na família, não corro risco.
O exame do toque retal dói muito. Quem tem câncer de próstata fica com
impotência sexual. Esses são alguns mitos que ainda estão no imaginário masculino
quando o assunto é câncer de próstata. Mitos que se transformam em medo. Medo
de fazer os exames capazes de dar um diagnóstico precoce da doença e, até
mesmo, receio de ter a masculinidade atingida. O alerta, feito pelos médicos, é
de que não se pode dar lugar à insegurança. Quanto mais cedo o tumor for
descoberto, maiores serão as chances de controle da doença e até de cura.
Os principais receios dos
pacientes estão relacionados ao exame do toque e à impotência sexual. Essa é a
opinião do chefe de Urologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Fabio Villar. “Esses mitos são frutos de razões
culturais. Primeiramente, o toque é indolor. Em segundo lugar, não é certeza
que quem tem a doença vai ficar impotente. Há várias formas de tratamento, como
medicação e radioterapia. Todas oferecem risco de causar disfunção erétil”, diz
o médico. Ele reforça que as chances de perder a ereção são maiores na cirurgia
de remoção completa da próstata, chamada de prostatectomia radical. “Há 50% de
risco. Existem formas de reverter as sequelas, e a vida sexual do paciente não
acaba.”
O produtor de vídeos Luiz
Henrique dos Santos, 54 anos, concorda que a maioria dos homens tem medo. “A
maior parte dos homens adia por causa desse estigma de ficar impotente ou por
preconceito. Eu faço os exames há cinco anos, mas nunca fiz o toque. Se fosse
preciso, faria. Corro e me alimento bem para manter o corpo saudável”, relata.
O aposentado José Luiz Costa, 73, garante não ter nenhum tipo de dúvida quando
o assunto é câncer de próstata porque vai ao urologista todos os anos. Ele dá o
recado: “Sempre vou ao médico. Cuidar da saúde é importante. Não pode ter
medo”.
Entre os mais jovens, a
falta de informação gera o preconceito. “Acredito que o toque deve ser muito
doloroso. Eu sei que tenho poucas chances de desenvolver o câncer porque sou
jovem. Quem não tem histórico da doença na família tem menos risco”, relata o
estudante Gleydson Silva, 17. Ele ainda acrescenta: “Também sei que a medicina
atualmente está avançando muito e hoje já existe o exame de sangue que ajuda a
detectar. Espero que, no futuro, o toque possa ser substituído”.
De acordo com Fabio Villar,
existe o exame de sangue que verifica o nível do PSA (sigla para antígeno
prostático específico, substância produzida pela próstata). Ajuda no
diagnóstico da doença, mas não substitui o toque retal, responsável por
detectar nódulos. “Em hipótese alguma, dosar o PSA substitui o toque. Todo
homem deve fazer exames da próstata. Se apresenta casos na família, começa a
fazer aos 45. Se não, aos 50. O melhor caminho é o diagnóstico precoce, que
pode proporcionar um índice de cura de 90%”, esclarece o médico.
Bianca Bion para o JC
Online.
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