Marcado para começar na
terça-feira (4), o julgamento que
pode cassar o mandato do presidente da República, Michel Temer (PMDB), tende a
ser longo e vai colocar no centro do debate uma série de questões jurídicas que
poderão mudar a jurisprudência da Corte Eleitoral. Será a primeira vez que os
ministros vão se debruçar sobre mandato de um presidente da República em um
julgamento.
Caso a maioria vote pela condenação
da chapa presidencial eleita em 2014, o resultado poderá ser a convocação de
eleições indiretas menos de um ano após o impeachment de Dilma Rousseff.
Planalto conta com um pedido de vista
para paralisar o processo.
O presidente do tribunal, ministro
Gilmar Mendes, definiu um calendário de sessões extras ao longo da semana no
intuito de esgotar a discussão do processo, mas o ministro Napoleão Nunes já
sinalizou que deve pedir mais tempo de análise para se debruçar sobre o caso. O
Planalto conta com um pedido de vista para paralisar o processo.
A avaliação de ministros ouvidos pela
reportagem é de que o processo causa instabilidade e pode aprofundar a crise
política. A estabilidade política é levada em conta, nos bastidores, pelos
integrantes do tribunal. Mas a Corte Eleitoral pode paralisar o processo já no
primeiro debate a ser levantado: o prazo para defesa.
A defesa de Dilma pediu mais tempo
para apresentar as alegações finais - que são as considerações sobre todo o
processo. O relator, ministro Herman Benjamin, concedeu dois dias desde que
encerrou o processo para receber as manifestações, mas os advogados da
ex-presidente alegam que o prazo legal é de cinco dias. Os dois dias foram
criticados reservadamente por integrantes da Corte Eleitoral e até pela acusação,
os advogados do PSDB, que consideraram o tempo concedido pelo relator
incompatível com a complexidade do processo.
Caso o processo seja interrompido já
nesta etapa, o julgamento pode ser retomado apenas na última semana de abril.
Isso porque, além do calendário de feriados do mês, Gilmar Mendes tem uma série
de viagens internacionais programadas, como a que fará para acompanhar as
eleições na França.
Ainda na fase preliminar - ou seja,
antes de discutir o mérito da ação -, os ministros precisam decidir se os
depoimentos dos delatores da Odebrecht devem ou não ser considerados no
processo Os advogados de Dilma sustentam que as revelações da empreiteira
extrapolam o objeto inicial da ação proposta pelo PSDB e que o direito à ampla
defesa foi desrespeitado. A ação apura suposto abuso de poder político e
econômico na campanha presidencial de 2014.
Conforme antecipou o jornal O Estado
de S. Paulo na quarta-feira passada, o Ministério Público Eleitoral pediu ao
TSE a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma.
Teses
No mérito, os sete ministros da Corte
devem discutir se há prova de que houve dinheiro ilícito na campanha - e, para
isso, decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht, que falaram em
caixa 2 e compra de tempo de TV ao fazer repasses a partidos da coligação
Dilma-Temer, valem como prova.
Se os ministros avaliarem que houve
dinheiro ilícito na campanha, precisam decidir se tanto Dilma quanto Temer
podem ser responsabilizados da mesma forma. Assim, devem decidir se o
peemedebista deve ser punido com a cassação do mandato porque a chapa é una,
como defende o Ministério Público, ou se a responsabilidade dele é diferente da
de Dilma.
A situação de Temer e de Dilma, no
entanto, pode ser definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se a decisão do
TSE for negativa para um dos dois, a previsão dos advogados é de levar o caso
para que o Supremo bata o martelo. De acordo com ministros do TSE ouvidos em
caráter reservado, a depender do recurso usado pelos advogados, o efeito da
decisão da Corte Eleitoral fica suspenso até a decisão do STF.
A interlocutores, o ministro Herman
Benjamin admite que é papel do TSE discutir durante o julgamento a solução no
caso do efeito máximo da ação: a cassação do mandato do presidente. A indicação
que Herman tem dado, segundo a avaliação de ministros da Corte, é de que há
elementos para cassar a chapa formada por Dilma e Temer. Como a petista sofreu
processo de impeachment, a cassação atingiria apenas o peemedebista.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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