Com o partido fortemente atingido pela lista de
Fachin, deputados do PMDB começam a
articular a saída da legenda. Pelo menos seis dos 64 integrantes da bancada, a
maior da Câmara, admitiram à reportagem que já conversam com outras siglas para
onde possam migrar.
Segundo eles, o número de
parlamentares que devem deixar o PMDB é maior, pois muitos preferem manter a
articulação sob sigilo. O próximo período previsto para mudança partidária sem
risco de perder o mandato é em março de 2018, seis meses antes das eleições.
Entre os motivos apresentados estão
os efeitos da Operação Lava Jato no eleitorado, reforçado pela lista de
inquéritos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson
Fachin com base nas delações da Odebrecht, que atingiu oito ministros do
governo Michel Temer. Dos 98 investigados da lista, 17 são do PMDB.
Peemedebistas que pensam em deixar a
legenda citam também a agenda do governo considerada por eles impopular e a
falta de uma estratégia política para as eleições de 2018.
O movimento é mais forte na bancada
do Rio, a maior dentro do PMDB, com 11 dos 64 deputados. No Estado, algumas das
principais lideranças do partido estão presas, como o ex-governador Sérgio
Cabral e o deputado cassado Eduardo Cunha.
Um dos que articulam deixar a legenda
é o deputado Celso Pansera (RJ). Ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo
Dilma Rousseff, que aderiu ao governo Temer após o impeachment da petista, ele
diz procurar um partido "mais à esquerda". "O quadro nacional é
muito ruim e o local é desesperador", afirmou. Um dos partidos com que
conversa é o PDT.
O movimento também atinge as bancadas
do Paraná e Minas Gerais. Segundo vice-presidente nacional do PMDB, o deputado
João Arruda (PR) admitiu que está conversando com o PDT. "A verdade é o
seguinte: o projeto do PMDB hoje é terminar o mandato do Michel. O PMDB não tem
projeto para depois desse governo. Não tem projeto para eleger governadores,
presidente, enquanto outros partidos têm projeto definido", disse. Ele
também citou como motivo para deixar a sigla a agenda de reformas
"impopulares" do governo.
Na bancada mineira, a segunda maior
do PMDB, com seis deputados, pelo menos dois admitiram que podem deixar o PMDB,
entre eles, Leonardo Quintão. "A maioria dos outros partidos está
estruturando as campanhas para 2018, só a gente que não. O jogo está desigual."
Deputados articulam a aprovação junto
com a reforma política em discussão no Congresso de um amplo período que
permita a todos os atuais parlamentares mudarem de partido sem perder o
mandato. Pela legislação, o próximo período para mudança partidária é março de
2018, seis meses antes das eleições, e vale para deputados estaduais e federais
que disputarão o pleito.
A ideia é ampliar a permissão para
vereadores. "Muita gente quer estabelecer uma janela geral. Se você está
aprovando uma reforma nova, tem de zerar tudo", disse o presidente da
comissão da reforma política na Câmara, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo
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