quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Relatório da ONU conclui que meninas são chave para progresso de países em desenvolvimento.


Os países em desenvolvimento podem acabar desperdiçando seus "booms" demográficos se não melhorarem a educação e os direitos básicos das meninas, advertiu nesta quinta-feira o Fundo de População da ONU (UNFPA) em seu relatório anual.

As meninas são menos propensas a completar a escola e mais a ser submetidas a casamentos de conveniência, trabalho infantil, mutilação genital e outras práticas que impedem que desenvolvam todo o seu potencial, afirma o relatório apresentado em Londres.

Por sua vez, se as meninas forem apoiadas antes de chegar à adolescência, os países em desenvolvimento podem colher os frutos econômicos de tais medidas, afirmou o UNFPA (em suas siglas em inglês).


Mais da metade das 65 milhões de meninas de 10 anos que existem no mundo vivem nos 48 países com maior desigualdade entre sexos, a maioria na África e no Oriente Médio.

"Em algumas partes do mundo, uma menina de 10 anos, no limiar da adolescência, tem diante de si possibilidades ilimitadas e começa a tomar decisões que influenciarão em sua educação e, mais tarde, em seu trabalho e sua vida", disse Babatunde Osotimehin, subsecretário-geral da ONU.

"Mas em outras partes do mundo", acrescentou, "os horizontes de uma menina de 10 anos são limitados. Quando alcança a puberdade, uma combinação de seus familiares, das figuras da comunidade, das normas sociais e culturais, das instituições e de leis discriminatórias bloqueiam seu caminho".

"Onde terminará, dependerá do apoio que receber e do poder de moldar seu próprio futuro".

Se as meninas cursassem o ensino médio na mesma proporção que os meninos, os países em desenvolvimento - onde vivem 90% das meninas de 10 anos - receberiam 21 bilhões de dólares anuais adicionais, estimam os autores do relatório.
Para alcançar isso, as famílias poderiam ser recompensadas para que suas filhas frequentassem a escola, melhorar as dependências educacionais, os uniformes, fornecer bicicletas para comparecerem às aulas e reduzir as tarefas domésticas, o que daria mais tempo para elas fazerem os deveres de casa.

"Para as meninas de 10 anos, o que está em jogo é triplicar suas receitas ao longo de sua vida. Para as sociedades às quais estas meninas pertencem, está em jogo a redução da pobreza", afirma o documento.

Muitas meninas não seguem com sua educação depois de se casar, e a UNFPA convoca a impor uma idade mínima de 18 anos para o casamento, estimando que 47.700 meninas se casam diariamente antes desta idade.

Colocar o foco no bem-estar mental e físico das meninas também beneficiaria a sociedade, sugere o documento.

"É mais provável que uma adolescente morra de Aids que de qualquer outra coisa", afirma a UNFPA. "Em vários países africanos subsaarianos, as meninas desta faixa etária têm cinco vezes mais chances de se infectar que os meninos", adverte.

O estudo convoca os governos a oferecer educação sexual nas escolas quando os alunos alcançam a puberdade e proibir a mutilação genital.

Também convocaram a erradicar a violência contra as adolescentes: a cada 10 minutos morre no mundo uma jovem como resultado de algum tipo de violência, segundo dados da UNFPA.

AFP.

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