sábado, 29 de outubro de 2016

Quimioprevenção para barrar o câncer de mama.


Mulheres com risco elevado para desenvolver câncer de mama, por apresentarem lesões consideradas pré-cancerígenas, têm como opção recorrer à quimioprevenção, caracterizada pelo uso de medicamentos que vêm se mostrando eficazes para reduzir o risco de aparecimento da doença nos casos em que é alta a chance de tumor no seio. Ou seja, não são medicações indicadas para a população em geral, mas podem diminuir em cerca de 50% o risco da doença no grupo de mulheres cujas lesões nas mamas têm grande probabilidade de evoluir para um câncer. “É o caso da hiperplasia ductal atípica, condição em que células dos ductos mamários estão com formação alterada. Isso pode ser um passo para o aparecimento do tumor. Para essas pacientes, a quimioprevenção é uma alternativa e deve ser seguida por cinco anos”, explica o oncologista Rossano Araújo, da Oncoclínica Recife e do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).


Nesses casos, os medicamentos usados são os mesmos prescritos na fase do tratamento da doença realizado após cirurgia de retirada de tumor, a fim de eliminar possíveis células cancerígenas. “O câncer de mama tem incidência alta: em cada oito a dez mulheres, uma terá o tumor no decorrer da vida. Algumas, no entanto, apresentarão risco mais elevado. Cabe ao médico avaliar se, além de propor exames mais frequentes, poderá indicar o tratamento hormonal preventivo. A medicação escolhida leva em consideração a fase da vida reprodutiva da mulher”, frisa a oncologista Cristiana Tavares, do Huoc.

A médica acrescenta que um dos medicamentos (tamoxifeno) ministrados na quimioprevenção está disponível na rede pública de saúde. “Em linhas gerais, quando precisamos prescrevê-lo para mulheres do Sistema Único de Saúde sem a doença, mas com alto risco para desenvolvê-la por causa de uma lesão atípica na mama, encaminhamos uma solicitação com justificativas para a Secretaria Estadual de Saúde liberar o tamoxifeno, que já é usado em larga escala no tratamento da doença”, informa Cristiana.

A enfermeira e empresária Maria Dulce Filgueira Ramalho, 48 anos, faz parte do grupo de mulheres com risco elevado de desenvolver o tumor e, por isso, optou pela quimioprevenção. “Passei por cirurgia para retirar uma lesão pré-cancerígena da mama. Em seguida, comecei a tomar uma medicação para fazer bloqueio hormonal. E tomarei um comprimido diariamente, por cinco anos”, conta Maria Dulce.

Ela lembra que descobriu a lesão enquanto realizava a mamografia e ultrassom da mama. “Sempre fiz anualmente esses exames. Para mim, é um alívio ter a chance de seguir essa medida preventiva. Não tenho apresentado incômodos por causa da quimioprevenção”, acrescenta. Há casos, no entanto, em que efeitos colaterais podem aparecer. “Mas, quando as pacientes são bem monitoradas, qualquer contratempo, como dor articular, pode ser controlado. Em fumantes, pode-se aumentar o risco de trombose. Já em idosas, há chance de câncer de endométrio, embora seja um efeito raro”, diz Rossano Araújo.

Acompanhamento

Lesões no seio, como a de Maria Dulce (hiperplasia ductal atípica), aumentam de quatro a cinco vezes a probabilidade de a mulher ter o câncer de mama, em comparação com o risco que a população em geral tem de desenvolver o tumor, segundo destaca Cristiana Tavares. “As pacientes que fazem parte desse grupo de alto risco também têm como opção apenas acompanhar a lesão por exames realizados a cada seis meses. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente com os médicos”, alerta a oncologista.

Do JC Online.

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