No fim do ano passado, o
Ministério da Saúde estabeleceu a relação entre o aumento da microcefalia no
Nordeste do país e a infecção pelo vírus Zika. Essa associação levou a
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) a
emitir um alerta epidemiológico, atualizando as recomendações sobre a vigilância
do vírus.
Atualmente, as autoridades
de saúde brasileiras, com apoio da OPAS/OMS, estão investigando o efeito que o
Zika poderia ter sobre os fetos. Confira abaixo respostas às principais dúvidas
sobre o vísrus Zika e microcefalia elaboradas pela OPAS/OMS:
1. Como o vírus Zika afeta
mulheres grávidas e fetos?
As grávidas têm o mesmo
risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus Zika, que é
transmitido pela picada de um mosquito contaminado. Muitas delas podem não
saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada
quatro pessoas apresentam sintomas de infecção por zika e, entre as que são
afetadas, a doença é geralmente leve.
Os sintomas mais comuns são
febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por
conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa
entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.
Atualmente, está sendo
investigado qual o efeito que esse vírus poderia ter sobre os fetos. No dia 28
de novembro de 2015, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu a relação
entre o aumento de microcefalia no Nordeste do país e a infecção por zika.
Segundo a análise preliminar de investigação por parte das autoridades
brasileiras, provavelmente o maior risco de aparição de microcefalia e
malformações está associado à infecção no primeiro trimestre da gravidez. As
autoridades de saúde, com apoio da OPAS e outras agências, estão realizando
várias investigações que buscam esclarecer a causa, os fatores de risco e as
consequências da microcefalia.
2. Existe tratamento para o
Zika?
Não há vacina ou tratamento
específico para a infecção por Zika. Por isso, o tratamento consiste em aliviar
os sintomas, inclusive para as grávidas, que devem seguir as recomendações de
seu médico. A OPAS/OMS recomenda às gestantes que façam as consultas pré-natais
para receberem informação e serem acompanhadas.
3. O que se recomenda às
gestantes que estão em áreas onde circula o Zika?
Todas as pessoas, incluindo
grávidas e mulheres em idade reprodutiva, devem evitar a exposição a picadas de
mosquito, por exemplo, usando roupas que cubram a pele (mangas compridas) e
mosquiteiros tratados com inseticida, além dos repelentes indicados pelas
autoridades de saúde (que devem ser utilizados, conforme as orientações do
rótulo). Em cada residência e seus arredores, é muito importante buscar
possíveis fontes de criadouros do mosquito e eliminá-los.
4. Gestantes podem viajar
para uma área com circulação de Zika?
Antes de viajar, a grávida
deve consultar o seu médico para aconselhamento sobre qual ação tomar. O
principal é evitar picadas de mosquito para prevenir a infecção por Zika,
dengue ou chikungunya. Nesse sentido, as gestantes e mulheres em idade
reprodutiva devem seguir as mesmas recomendações para todos os viajantes:
- cobrir a pele exposta com
mangas compridas, calças e chapéus;
- usar repelentes
recomendados pelas autoridades de saúde e seguir as instruções de uso descritas
no rótulo;
- ao dormir, tentar se
proteger com mosquiteiros;
- buscar possíveis focos de
criadouros do mosquito e eliminá-los.
As gestantes que viajarem
para áreas onde circula o Zika devem mencionar isso durante suas consultas
pré-natais.
5. O que se recomenda para
mulheres em idade reprodutiva em relação a gravidezes futuras nas áreas onde
circula o vírus?
A OPAS/OMS recomenda que
tomem as medidas preventivas necessárias para evitar picadas de mosquitos, os
quais podem transmitir, além de Zika, outras doenças como dengue e chikungunya.
6. Pode ser transmitido de
mãe para filho?
As informações sobre a
transmissão de mãe para filho durante a gravidez ou no momento do nascimento
são muito limitadas. A transmissão perinatal tem sido relatada com vírus
transmitidos por vetores, como dengue e chikungunya. No momento, estão em curso
estudos sobre a possível transmissão do vírus da mãe para o bebê e seus
possíveis efeitos sobre a criança. Os serviços de saúde devem acompanhar as
gestantes em geral e, particularmente, aquelas com sintomas de infecção por
Zika.
7. O Zika pode causar
defeitos congênitos, como microcefalia?
Em alguns estados do Brasil
onde o Zika circulou alguns meses atrás foi notificado um aumento de casos de
recém-nascidos com microcefalia muito superior ao registrado em anos
anteriores. De acordo com a análise preliminar da investigação realizada pelas
autoridades brasileiras, provavelmente o risco de aparição de microcefalia e
malformações estaria associado com a infecção no primeiro trimestre da
gravidez. As autoridades de saúde, com apoio da OPAS e outras agências, estão
realizando várias investigações que buscam esclarecer a causa, os fatores de
risco e as consequências da microcefalia.
A OPAS/OMS orienta que os
países continuem a promover o acesso das mulheres grávidas ao pré-natal. Também
se recomenda que gestantes e mulheres em idade fértil evitem a exposição a
picadas de mosquito.
8. O que é microcefalia
congênita?
Microcefalia é uma condição
rara, cujas causas podem ser genéticas ou ambientais (relacionadas à
toxicidade, radiação ou infecção). É definida como uma condição ao nascer em
que a circunferência craniana ou perímetro cefálico é menor do que o esperado
para a idade no momento do nascimento e o sexo.
A microcefalia congênita
pode se apresentar como uma condição isolada ou associada a outras condições de
gravidade variável, que pode causar desde convulsões, dificuldade de
alimentação e efeitos sobre o desenvolvimento da criança, até risco de morte.
É muito difícil saber as
consequências da microcefalia no momento do nascimento, o que exige um
acompanhamento e avaliação de recém-nascidos, com acompanhamento e avaliações
subsequentes. Não há tratamento específico para a microcefalia. O cuidado deve
focar em vigilância, promoção e maximização das capacidades das crianças.
9. Como se confirma que um
bebê tem microcefalia?
A medida mais confiável para
avaliar se um bebê tem microcefalia é medir a circunferência da cabeça no
momento do nascimento e, novamente, 24 horas após o nascimento. Se o
diagnóstico de microcefalia for feito, uma equipe multidisciplinar de saúde
deve iniciar um processo de acompanhamento e monitoramento da criança.
As mulheres grávidas devem
comparecer regularmente ao acompanhamento pré-natal e o profissional de saúde
recomendará os exames necessários em cada fase da gestação.
10. O que tem sido feito
para determinar a relação entre estas doenças e o Zika?
A OPAS está apoiando o
Ministério da Saúde no monitoramento e resposta ao surto de microcefalia.
Existem várias investigações em curso encomendadas pelo ministério, que buscam
esclarecer as causas, fatores de risco e consequências da microcefalia. Estão
sendo estudados todos os cenários, incluindo aqueles relacionados a substâncias
tóxicas, medicamentos, fatores genéticos e outros agentes infecciosos. Até o
momento, o mais plausível é a associação com o Zika, entre outros fatores, pela
associação no tempo e no espaço dos surtos de Zika e microcefalia.
A OPAS também está
comunicando oportunamente a todos os países da região, assim como promovendo as
mensagens de prevenção e controle de doenças transmitidas por vetores, com
ênfase em medidas de proteção pessoal a serem tomadas pelas gestantes.
Do JC Online.
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