As estatísticas assustam: na
última quinta-feira, o IBGE divulgou o aumento de 8,1% da taxa do desemprego no
trimestre encerrado em maio, a maior da série histórica da pesquisa, iniciada
em 2012. Isso significa que, no Brasil, há mais de 8 milhões de pessoas
desempregadas. Entre os brasileiros que se mantêm trabalhando, prevalece o medo
de perder a fonte de renda. Já quem está fora do mercado de trabalho teme não
se recolocar. Diante de tanta insegurança, uma coisa é certa: se desesperar
nesse momento não leva a carreira profissional a lugar nenhum.
Buscar uma qualificação e se manter atualizado na área em que atua é a dica dos especialistas não só para quem está desempregado. Quanto mais cedo o profissional se preocupar com isso, maior a chance de “salvar” o emprego. “A crise pode ser uma oportunidade para que a gente pare e reflita se é um profissional atrativo no mercado. Se não, o que devo fazer para me tornar, seja na minha empresa ou em outra?”, avalia a gerente de transição de carreira da Thomas Case & Associados, Cristiane Antunes.
A possível ameaça vem
fazendo com que os profissionais mudem sua postura no trabalho. Para se mostrar
essencial à empresa, é necessário ser proativo, ter disposição para aprender
novas tarefas, desenvolver atividades que não sejam necessariamente da área em
que atua e colaborar com os colegas. “Hoje há um volume de profissionais
competentes disponíveis no mercado, muitos com salários mais baixo e isso, de
fato, preocupa quem está empregado. A zona de conforto tem que sair do
vocabulário das pessoas, não tem mais espaço para estar se escondendo”, avalia
Georgina Santos, consultora da Ágilis RH.
Sair da zona de conforto
significa, principalmente, assumir um perfil multitarefa. “Como as empresas
estão enxugando os gastos, nem sempre contratam outra pessoa e você pode acabar
absorvendo outras funções. Se não for um profissional flexível, vai ‘dançar’,
porque alguém vai fazer aquele trabalho ganhando 30% a menos e feliz”, reforça
Cristiane.
Mostrar disponibilidade para
realizar funções novas agora pode abrir portas mais à frente. “Quem sabe,
saindo da crise, esse profissional não possa ser eleito para um nível de maior
responsabilidade? Essa é a chance de ele enriquecer a carreira profissional”,
acrescenta o consultor de carreira Fernando Capella.
Mas um alerta: mesmo
acumulando funções, essa não é a hora oportuna para falar em aumento salarial.
“Se o profissional consegue manter essa visibilidade pelos resultados que está
entregando em um momento de retração, é muito provável que esse ‘algo a mais’
se traduza em um incremento salarial”.
O segredo é não se
desesperar e enxergar além. “Dá para ser otimista e ter confiança no futuro. Os
altos e baixos fazem parte de um processo de autodesenvolvimento e, nessas
horas, a gente descobre que tem mais recursos do que imagina”, completa Maria
Lúcia Pettinelli, consultora da EcoSocial.
NETWORK
Uma dica valiosa é manter a
rede de contatos profissionais sempre ativa. Ter um bom relacionamento com os
colegas de trabalho ou com profissionais da área em que atua é essencial, seja
para troca de informações ou recolocação profissional. “Normalmente, as pessoas
de sucesso são as que praticam o networking, que estão abertas a contribuir e
se relacionar. Hoje temos ferramentas que ajudam, como o LinkedIn, Facebook e
até o Whatsapp, mas nada substitui o olho no olho, participar de eventos,
cursos ou congressos para aumentar sua rede e saber o que está acontecendo no
mercado”, afirma Cristiane.
Ter bons relacionamentos
pode ajudar a abrir portas, seja para trabalhar em outro lugar, seja para abrir
seu próprio negócio. “Se tem um network, significa que, mesmo que você tenha
que atravessar por um processo de transição de carreira ou desemprego, pode
sair dele mais facilmente”, ressalta Capella.
Para ele, é essencial manter
sua rede de contatos em qualquer esfera. “Não apenas os contatos profissionais
podem ajudar, mas também contatos de amigos. Uma pessoa que você conheceu nas
férias ou em um churrasco pode trazer consigo uma oportunidade profissional que
você nem imaginava”, completa.
Anna Tiago – para o JC
Online.
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