Dos
seis governadores do partido, três trabalham contra uma candidatura do
governador de Pernambuco ao Palácio do Planalto em 2014.
A
resistência manifestada por governadores do PSB à candidatura do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à presidência da República, no próximo ano,
vem preocupando os defensores do projeto nacional. Essa parte dos socialistas
tem visto no “fogo amigo” um risco maior para a candidatura e para o partido. O
movimento contrário a Campos preocupa mais que os efeitos do recente recuo do
governador pernambucano que, nas últimas semanas, se movimentou nos bastidores
da política, mas de forma mais discreta, evitando embates com o governo
federal.
No
início de maio, Campos evitou o embate com o governo e não compareceu às
comemorações do Dia do Trabalhador, em São Paulo, a convite da Força Sindical.
Desde então, as viagens e eventos públicos em outros Estados, que haviam se
tornado uma constante na agenda do pernambucano, passaram a dar lugar a eventos
em Pernambuco. As conversas com possíveis aliados não deixaram de ser feitas,
mas em reuniões não divulgadas.
Esse
recuo de Campos, para os socialistas, é até considerado estratégico, faltando
mais de um ano e meio para as eleições e com o partido ainda compondo a base do
governo de Dilma Rousseff . O que preocupa mesmo é a falta de apoio interno
para sua candidatura.
Há
a avaliação no partido que a movimentação dos governadores do Espírito Santo,
Renato Casagrande; do Amapá, Camilo Capiberibe, e do Ceará, Cid Gomes, podem
causar estragos no partido e inviabilizar o projeto nacional.
“É
triste ver que há colegas mandatários, lideranças políticas que estão pensando
em seus projetos locais, em detrimento do projeto nacional, em detrimento do
que poder ser uma saída para o nosso partido crescer”, argumentou o deputado
Júlio Delgado (MG), um dos principais entusiastas da candidatura de Campos.
Com
acordo fechado para contar com o PT em seu projeto de reeleição, o governador
do Espírito Santo, Renato Casagrande, tem desencorajado Campos. Casagrande
alega que 2014 não é o tempo para o socialista, que poderia ser o candidato do
partido, quem sabe, em 2018.
Capiberibe
quer apoiar a reeleição de Dilma Rousseff e se alinha ao pensamento do
governador do Ceará, Cid Gomes. Seguem no apoio ao pernambucano somente os
governadores da Paraíba, Ricardo Coutinho, e do Piauí, Wilson Martins.
Para
socialistas ligados a Casagrande, Campos ainda tem um “caminho de volta”,
apesar de todas as movimentações já realizadas pelo governador neste ano e que
abalaram sua relação com o Planalto. “Também tive a impressão de que ele
recuou. Ainda há esse caminho de volta”, avaliou o deputado Paulo Foleto
(PSB-ES).
Além
do pouco tempo de televisão do PSB, cerca de 1 minuto e 20 segundos, e diante
do cenário de que, com Campos, o partido não construirá alianças com partidos
grandes, o ceticismo em relação à candidatura tem aumentado.
Outra
avaliação dos socialistas é de que o discurso adotado no programa do partido, há
um mês, não causou o impacto desejado. Campos foi a estrela do programa e
evitou, no discurso, o rompimento com Dilma. O pernambucano defendeu que o PSB
pode ser uma alternativa para “fazer mais” do que foi feito pelos governos
petistas dos quais o PSB participou desde o início, em 2003.
O
sentimento dos socialistas, defensores ou críticos da candidatura nacional, é
de que o discurso não funcionou porque não há como criticar um governo do qual
o partido ainda é parceiro.
Os
defensores da candidatura de Campos argumentam que não há porque permanecer na
base, já que o próprio PT, aliado histórico do PSB, entrou em um “caminho sem
volta” com o PMDB. As negociações da Medida Provisória dos Portos, batalha
enfrentada pelo governo no Congresso na semana passada, demonstrou, na
avaliação dos socialistas, que Dilma se viu “refém” dos peemedebistas.
Para
o deputado Roberto Freire, que preside o novo partido MD, esse caminho de volta
para Campos não seria viável. Apoiador da candidatura nacional do socialista, Freire
considera que a mudança de comportamento do governo nas últimas semanas se deu
em função das pressões que vem sofrendo. Mas garantiu que o MD se decidiu pelo
apoio a Campos. "Talvez ele tenha dado uma parada pela pressão, que é
muito grande. Mas ele é candidato em 2014", disse Freire.
Luciana Lima- iG Brasília.
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