Rosemary Novoa de Noronha ligou para o ex-ministro José
Dirceu pedindo ajuda quando a Polícia Federal iniciou buscas em seu
apartamento, na rua 13 de Maio, na Bela Vista, região central de São Paulo,
durante a operação Porto Seguro. Dirceu foi acordado com a ligação por volta
das 6h da última sexta-feira e teria dito que não podia fazer nada. Rosemary
foi secretária do ex-ministro por quase 12 anos. Os agentes que participaram da
busca no apartamento relataram que, antes de ligar para o ex-ministro, ela tentou
falar com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, que não teria atendido a
ligação. O marido de Rose, José Cláudio de Noronha, é assessor especial da
Infraero em São Paulo. Ele teria conseguido o cargo por pressão da mulher,
segundo a PF. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em troca do tráfico de influência que fazia, segundo
policiais que participaram da investigação ouvidos pela publicação, Rosemary
chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone, cirurgia
plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro. O cruzeiro, que saía de
Santos, passava por Ilha Bela e Ilha Grande e voltava ao ponto de partida,
custava cerca de R$ 2,5 mil por cabine dupla. Alguns policiais classificam os
pedidos de Rose, gravados durante as escutas telefônicas, como "coisas de
chinelagem", afirmando que não eram nada sofisticados.
A chefe do escritório da representação da Presidência da
República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, trabalhou pessoalmente pela
nomeação dos irmãos Paulo Rodrigues Vieira, para a Agência Nacional de Águas
(ANA), e Rubens Carlos Vieira, para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Ambos foram presos pela Polícia Federal durante a
operação Porto Seguro, ocorrida na sexta-feira, que prendeu ao todo seis pessoas acusadas de participar de uma organização criminosa que funcionava infiltrada em órgãos federais para favorecer interesses privados na tramitação de processos. Agentes federais chegaram pela manhã ao escritório da Presidência com mandados de busca e apreensão e os computadores de Rose foram apreendidos. Pessoa de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e José Weber Holanda, braço direito do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
A presidente Dilma Rousseff só teria sido informada ontem da
operação pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foram inúmeras
reuniões durante o dia, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - com
quem havia almoçado ontem e voltado a se encontrar horas depois -, com Gilberto
Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e com Adams. A
presidente teria ficado irritada e dito que a ordem é não abafar nada e abrir as
investigações sobre quem quer que seja. Se for preciso efetuar mais prisões ou
apreensões, que seja feito - é a orientação da presidente. O assunto é
considerado delicado no governo pela proximidade de Rose com Lula. Além disso,
um dos presos, o diretor da ANA Paulo Rodrigues Vieira, foi indicado pelo
ex-presidente primeiro para a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq)
e depois só chegou à ANA por uma manobra do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB), que recolocou seu nome em votação - um precedente nunca visto antes na
Casa.
A presidente Dilma Rousseff resolveu demitir todos os
servidores indiciados na operação Porto Seguro, realizada ontem pela Polícia
Federal (PF), que fez busca e apreensão no escritório da presidência em São
Paulo e também em órgãos públicos em Brasília. Por determinação da presidente,
além do afastamento e exoneração dos envolvidos, todas as agências reguladoras
deverão abrir processo para investigar as supostas fraudes. Entre eles está a
chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha.
Rosemary foi indiciada pela PF por suspeita de envolvimento
numa organização criminosa infiltrada no governo para obtenção de pareceres
técnicos fraudulentos. Outro envolvido é José Weber Holanda, o segundo na linha
de sucessão na Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo a PF, Rosemary é acusada de tráfico de influência,
falsidade ideológica e corrupção, e teria exigido dinheiro em troca de ajudar a
quadrilha num esquema de obtenção de laudos falsos com o objetivo de ajudar
empresas a conseguir vantagens. Os pedidos eram feitos a empresários pelos dois
irmãos indicados por Rosemary aos cargos de diretoria na ANA e Anac. A denúncia
foi feita à PF por um ex-funcionário do Tribunal de Contas da União (TCU), que
teria sido procurado pelos integrantes do esquema para emitir os laudos
favoráveis a uma empresa em troca de dinheiro.
Dilma também decidiu afastar o diretor de hidrologia Agência
Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, e de Infraestrutura
Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rubens Carlos
Vieira. Ambos foram presos ontem pela PF junto com um terceiro irmão, o
empresário Marcelo Rodrigues Vieira. Além deles, a advogada Patricia Santos
Macial de Oliveira foi presa em Brasília e já liberada. Os advogados Marcos
Antônio Negrão Martorelli e Lucas Henrique Batista foram presos
temporariamente, em Santos (SP).
Entre os investigados pela PF há também servidores da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Secretaria do
Patrimônio da União (SPU), do próprio TCU, da AGU e do Ministério da Educação
(MEC).
Policiais federais cumpriram seis mandados de prisão e 43 de
busca e apreensão, nas cidades paulistas de Cruzeiro, Dracena, Santos, na
capital e em Brasília no final da tarde e início da noite de ontem. A polícia
apreendeu documentos e arquivos do escritório da presidência em São Paulo. As
investigações apontam que os acusados cometeram crimes de corrupção ativa e
passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica, falsificação de documento
particular, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.
Da Redação do Jornal Inconfidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário para que possamos melhorar sempre o nosso Blog.