quarta-feira, 13 de abril de 2016

H1N1: 70% dos pacientes com complicações graves provocadas pelo vírus têm menos de 2 anos.


Em Pernambuco, 9 crianças apresentaram, até agora, a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), conhecida como a forma mais grave de gripe. Sete delas têm menos de 2 anos, uma tem 2 anos e outra tem 5 anos

Dos 10 pacientes que apresentaram complicações graves provocadas pelo H1N1 em Pernambuco este ano, nove são crianças. Sete delas têm menos de 2 anos, uma tem 2 anos e outra tem 5 anos. Todas apresentaram a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), conhecida como a forma mais grave de gripe. “Ainda há mais um caso de paciente com menos de dois anos que apresentou SRAG, mas a análise laboratorial não conseguiu reconhecer o subtipo do vírus. Verificou-se que era influenza A, mas não deu para identificar o subtipo: H1N1 ou H3N2, por exemplo”, explica a sanitarista Ana Antunes, gerente de Vigilância Epidemiológica das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES). “Todos esses casos já tiveram alta hospitalar.”


Esse recorte que evidencia a concentração dos casos graves de gripe em crianças acende o alerta para a importância da prevenção da gripe por meio da vacinação, como também a necessidade de cuidado reforçado e precoce diante de quadros gripais, especialmente na população com menos de 2 anos. Trata-se de um grupo em que o H1N1, em vez de causar síndrome gripal, pode se apresentar de forma mais agressiva. “Isso reforça a importância da vacina nessa população. Crianças que têm complicações por causa da influenza (popularmente conhecida como gripe) provavelmente não foram imunizadas”, diz o presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco, pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima.

No ano passado, o Recife e o Estado atingiram a meta geral da campanha de vacinação contra influenza (para se quebrar a cadeia de transmissão dos vírus da gripe, recomenda-se que 80% do público-alvo sejam vacinados). O detalhe é que, entre as crianças de 6 meses a menores de 5 anos, a cobertura vacinal para influenza só chegou a 68,9%, em 2015, no Recife. Para todos os outros grupos prioritários, a meta do município foi alcançada. “As crianças realmente são vistas como prioridade para a vacinação, pois podem manter a transmissão dos vírus quando não imunizadas. Os outros grupos também não devem relaxar. Nosso foco agora é sensibilizar essa população a participar da campanha de vacinação”, esclarece Ana Antunes.

A vacina contra gripe também é valiosa para oferecer proteção contra pneumonia, segundo mostra a tese de doutorado de Eduardo Jorge. “A conclusão é que a chance de internamento por pneumonia foi 3,7 vezes maior nas crianças menores de 2 anos que não tinham tomado a vacina de gripe, quando comparadas com as que tinham se imunizado”, destaca o pediatra, que vê o vírus influenza como um agente que pode facilitar a infecção bacteriana. “A infecção pelo influenza destrói a defesa e favorece uma bactéria, especialmente o pneumococo”, ressalta Eduardo Jorge.

Cinthya Leite do JC Online.

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