Armando Monteiro defende
que se estabeleça um debate sobre Pernambuco, para que o ciclo de
desenvolvimento experimentado pelo Estado possa ser permanente. Armando também
faz uma avaliação do novo quadro político no Brasil e em Pernambuco após a
união entre o governador Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Silva. “O quadro
da Frente Popular está zerado”, diz. Leia abaixo alguns trechos da entrevista:
PSB-REDE
“Foi impactante e
surpreendente (a aliança Eduardo-Marina). Não há dúvida que qualquer analista
não previa esse desfecho. O que se imaginava é que Marina poderia disputar por
outra legenda. Mas foi um grande lance do ponto de vista político, fortalece o
projeto do governador Eduardo Campos. O que se pode dizer é que passamos a ter
claramente uma definição do projeto presidencial do PSB. Se alguém tinha dúvidas
de que o PSB terá uma candidatura à Presidência, que é a do governador Eduardo
Campos, agora já não há. Isso vai clarificar o processo, inclusive aqui em
Pernambuco. A partir de uma nova candidatura no nosso campo político, o natural
é que na Frente Popular haja uma dispersão. Ela vai se dividir porque há
partidos que vão se alinhar com o projeto da reeleição da presidente Dilma. E
há outros que se alinharão com o projeto do governador”.
Votos
“Como será entendida a
aliança? Como serão definidas as questões programáticas? Até que ponto o PSB
incorporará essas teses? É muito precoce qualquer avaliação de transferência de
voto. Não há dúvida de que essa junção redimensiona o governador e da sua
provável candidatura. É como se esse movimento tivesse conferido a ele uma
posição de maior vantagem do que a de Aécio.
Antecipação
“Acho que antecipa a
definição do processo, na medida em que vai promover esse realinhamento aqui”.
Com
Dilma
“Há uma posição clara em
relação ao PT. O PTB está na base da presidente Dilma e estará alinhado com a
candidatura dela. Quando se discute aqui a provável candidatura do PTB, sempre
disse: da mesma forma que o PSB se permite discutir a possibilidade de uma
candidatura própria no campo nacional, o PTB também sempre imaginou que teria e
deveria ter essa liberdade. Em Pernambuco, o governador já foi reeleito. Um
ciclo novo se abre. No plano nacional, a presidente é candidata à reeleição.”
PSB
“O que se dizia no
interior da Frente (Popular) antes desse processo é que aqui só se discutiria o
processo em 2014,e que todos teriam que esperar o momento do governador. O fato
é que o PSB sempre considerou que teria uma candidatura do partido. Inclusive,
num processo às vezes estranho. O que dirigentes nacionais diziam não
correspondiam com os de Pernambuco. Há pouco mais de 30 dias, o
secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, listava os Estados em que o PSB teria
candidatura própria e começava com Pernambuco. Já se sabia que havia uma
posição tomada de que o PSB teria uma candidatura.”
Movimentos
“Sempre me movimentei.
Havia um sentimento, desde as eleições de 2010, de que tudo que fazíamos no
interior incomodava alguns setores porque era identificado como movimentação de
candidatura. E não era. Sempre fiz isso ao longo do tempo. Não posso deixar de
considerar que o nosso nome vem sendo lembrado por alguns setores dentro e fora
do partido e que venho sendo estimulado por algumas lideranças de Pernambuco a
poder discutir uma candidatura”.
Os
aliados
“O núcleo fundamental
nesse processo é o PT, o PTB e outros partidos da Frente.”
Tudo
zerado
“Num certo sentido, zera.
Por que não? Temos que discutir a partir da nova visão do quadro nacional e
podemos aí discutir sim como podemos reunir essas forças, como isso é possível
ou se a melhor estratégia é ter múltiplas candidaturas.”
PT
“Temos o melhor diálogo
com todas as correntes. Teremos muito respeito pela decisão que o partido venha
a tomar, que pode ser, inclusive, a decisão por uma candidatura própria. O PT é
uma força. Quem imagina que o PT, por conta de algumas defecções e
desencontros, possa estar fragilizado ou condenado a cumprir um papel menos
relevante na política está enganado. O PT tem espaço, quadros.”
Sem
apoio
“Seria o PSB detentor de
uma espécie de direito natural, direito divino, que pudesse conferir a ele um
monopólio dessa possibilidade de encabeçar uma chapa em Pernambuco? Por que?
Esse processo não pode ser feito assim, a partir de uma posição previamente
definida, mas deveria se orientar por um processo amplo, democrático, de
consulta, no sentido de poder definir critérios políticos claros, quem
aglutina, quem reúne, quem junta. Mas como esse processo se dá por uma
definição já prévia de que tem que ter esse viés partidário, a nossa
perspectiva e movimentação se tornaram naturais.”
Eduardo
“Uma coisa é apontar
deficiências na gestão e relacionar indicadores com essa insuficiência, como
aconteceu em relação à visão crítica do governador com o governo federal. No
nosso caso, não fizemos críticas à gestão no sentido de dizer que na área de
educação foi ruim por essas e outras razões. Estamos fazendo na perspectiva do
pós governo Eduardo. É a constatação de que, embora tenhamos evoluídos muito
nos indicadores em termos absolutos, a nossa posição relativa ainda é ruim.
Isso não é uma crítica endereçada à última gestão ou à gestão atual. Isso é um
passivo que Pernambuco acumulou ao longo do tempo. Nenhuma conveniência
política episódica me fará desconhecer aquilo que for positivo e que for bem
feito para interesse de Pernambuco.”
Estado
“Quando se fala em debater
o País também significa debater Pernambuco, os seus desafios, para que esse
ciclo de crescimento que vivenciamos aqui se prolongue ou perenize. Reconheço
avanços significativos que foram frutos dessa parceria entre o governo federal
com o estadual. Digo que essa parceria sempre foi valorizada pela competência
do governador Eduardo Campos. Mas nós temos que ter um olhar sobre os
indicadores. O debate não pode ser interditado para atender qualquer
conveniência política ocasional.”
Ofensiva
PSB
“Foi um movimento
estranho. Você está numa base aliada, os partidos estão juntos, participam do
governo ao longo desse tempo e um partido líder da aliança investe contra as
legendas da própria aliança no sentido de tirar os seus quadros. É algo difícil
de entender. Todos testemunharam nos últimos dias um movimento na direção do
partido líder, vários deputados de outras legendas, do PTB, do PT, do PSD...
Esse foi um movimento que parece estranho. E hostil.”
Cooptações
“O que se verifica é que,
dada a perspectiva da candidatura presidencial do PSB, é como se ele já
estivesse nos colocando para fora do processo político. É como se dissesse:
„Nós caminhamos juntos até agora, mas como provavelmente não caminharemos
juntos daqui para frente, então vou logo procurar trazer aqui para o meu time
essas pessoas que poderão sair dos partidos‟. E aí se deu esse movimento
traduzido nessa cooptação e disputa por quadros dos aliados.”
Candidatura
“Tenho o sentimento de que
há um espaço para uma candidatura de que tem esse traço independente, que não
nega os avanços que ocorreram, mas que tenha a capacidade de rever certas
prioridades e posições em nome desse compromisso com o futuro. Temos que ter
essa visão plural. Quando pontuo o fortalecimento do PTB, não o faço para
pretender esmagar ninguém e muito menos para dizer que nós somos
autossuficientes. O fortalecimento é importante porque Pernambuco precisa de um
maior equilíbrio de forças políticas. Pernambuco não pode ter um sistema
unipolar.”
Em entrevista à rádio JC
News, reproduzida pelo JC.
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