O Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo (TRT-SP) condenou o PSB, a AF Andrade Empreendimentos e
Participações e os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo
Santana Vieira, a pagarem débitos trabalhistas, mais indenizações por danos
materiais e morais, à família do piloto Marco Martim que morreu a bordo da
aeronave que caiu em 2014, em São Paulo, matando também o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos e outras cinco pessoas. A causa total está estimado
em R$ 2 milhões. Defesa da família dos pilotos ainda aguarda julgamento da
sentença do copiloto Geraldo Magela.
Além dos débitos
trabalhista, o juiz Samuel Batista de Sá, da 45ª Vara do TRT-SP, condenou
partido e empresários por "omissão culposa", por contratarem pilotos
sem a instrução necessária para pilotar a aeronave, afirmando ainda que Marcos
Martins "estava submetido a uma forte pressão para dar conta do
cumprimento da agitada agenda de compromissos do então candidato Eduardo
Campos".
Os empresários João Carlos
Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira participaram da transação com
a AF Andrade para compra da aeronave usada na campanha de Eduardo Campos. Os
empresários são investigados pela Polícia Federal e chegaram a ser presos pela
Operação Turbulência, que investiga casos de lavagem de dinheiro, sendo
liberados dias depois.
De acordo com um dos
advogados dos pilotos, Antônio José Ribas Paiva, a defesa ainda irá recorrer da
decisão. Isso porque o julgamento não reconheceu o adicional de periculosidade
e, além disso, inocentou a vice-presidente de Campos á época, Marina Silva.
Segundo a sentença, Marina alegou que não participou da relação de trabalho com
Marcos afirmando que o piloto "não teria prestado serviços em seu
favor". A afirmação é descartada pela defesa. "Marina Silva é
responsável também. Ela se beneficiou dos trabalhos dos pilotos então precisa
ser responsabilizada", disse Ribas.
A defesa da família pilotos
já entrou com um pedido de Embargos de Declaração, para que esses pontos sejam
esclarecer. De acordo com Ribas, só se houver um erro fundamental é que a
sentença será modificada, mas reparos poderão ser ratificados.
Por meio de nota, o PSB
Nacional afirmou que respeita a decisão da Justiça, mas vai ingressar com
recurso no devido prazo.
Comprador do avião era
'entregador' de propina a Eduardo Campos, aponta a Polícia Federal.
Ao indiciar 20 investigados
na Operação Turbulência, a Polícia Federal apontou o empresário João Carlos
Lyra Pessoa de Melo Filho como líder de suposto grupo criminoso e encarregado
de entregar propina da empreiteira Camargo Corrêa ao ex-governador Eduardo
Campos - morto em acidente aéreo em agosto de 2014 - e ao senador Fernando
Coelho Bezerra (PSB-PE), pai do ministro das Minas e Energia do governo
interino Michel Temer (PMDB), Fernando Filho.
Os valores entregues por
João Carlos Lyra, segundo a PF, teriam origem nas obras da Refinaria Abreu e
Lima, realizada pela Petrobras no Estado de Pernambuco. A Abreu e Lima é alvo
de outra Operação da PF, a Lava Jato.
De acordo com a PF, Lyra
assinou o Termo de Intenção de Compra e se apresentou formalmente como o único
comprador do avião Cessna Citation PR-AFA que caiu em Santos (SP) há dois anos,
matando Eduardo Campos, o então candidato à presidência pelo PSB.
A informação sobre a atuação
de Lyra foi detalhada à delegada Andrea Pinto Albuquerque pelos ex-funcionários
da Camargo Corrêa Gilmar Pereira Campos e Wilson da Costa. De acordo com os
ex-funcionários, para viabilizar o pagamento, a empreiteira realizou um
contrato fictício com a Construtora Master. O objeto do contrato seria a
terraplenagem na obra da refinaria de Abreu e Lima, mas o serviço nunca foi
prestado.
Os valores arrecadados com
os contratos fraudulentos, diz a PF, eram repassados para João Carlos Lyra por
meio de entregas de dinheiro vivo e por meio de depósitos em contas de grupo de
empresas de fachadas em nome de laranjas ligados ao líder do grupo criminoso.
O inquérito da Turbulência
investiga uma organização criminosa responsável pela criação e manutenção de
uma série de empresas de fachadas utilizadas, segundo a PF, para fazer circular
"recursos de origem espúria" de modo a ocultar os remetentes e
destinatários desses valores.
Embora a investigação tenha
origem na queda do avião Cessna Citation, a delegada Andrea Pinho compartilhou
informações com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e com o grupo de
investigadores da Procuradoria-Geral da República.
Em busca dos verdadeiros
proprietários do jatinho, os investigadores da Turbulência mapearam uma teia de
empresas de fachada utilizadas para lavar e supostamente escoar dinheiro
oriundo de obras públicas para campanhas políticas.
Estão na mira da PF repasses
da Camargo Corrêa e da OAS que teria origem em desvios praticados em obras da
Petrobras realizadas no Estado e na transposição do Rio de São Francisco.
Além de entregador de
propina da Camargo Corrêa, segundo a PF, Lyra também teria utilizado as contas
de empresas de fachada operadas por ele para escoar valores provenientes da
OAS. De acordo com a PF, entre 2010 e 2014, foram registradas ao menos 90
transações entre a construtora as empresas ligadas a Lyra que somaram R$ 14
milhões.
"Inegável, ainda, que
ele (Lyra) teria utilizado tais contas para aportar recursos provenientes de
contratos superfaturados executados pela OAS, em troca da entrega de dinheiro
em espécie que serviria de pagamento de propina a políticos e funcionários
públicos devidos por aquela empreiteira, dissimulando a natureza criminosa dos
valores recebidos", sustenta a delegada da PF.
"A defesa de João Lyra
nega que ele tenha praticado qualquer irregularidade. Todos os esclarecimentos
serão dados nos autos do processo."
Questionado em nome do
falecido Eduardo Campos, o PSB afirmou que reitera a sua confiança na
"conduta sempre íntegra do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e o
apoio incondicional ao trabalho de investigação da Polícia Federal e do
Ministério Público, esperando que resulte no pleno esclarecimento dos
fatos".
O senador Fernando Bezerra
Coelho, por meio de sua assessoria, disse que "não é investigado na
operação Turbulência" e informou que nunca coordenou "nenhuma
campanha de Eduardo Campos". “Pulou do barco”.
Do JC Online.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário para que possamos melhorar sempre o nosso Blog.