A Comissão de Educação,
Cultura e Esporte aprovou hoje (1º) o
PLC 24/2016, de autoria do deputado Capitão Augusto (PR-SP), que eleva a
vaquejada e o rodeio à condição de manifestações da cultura nacional e
patrimônio cultural imaterial. A pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), foi
aprovado caráter de urgência para sua análise pelo Plenário pelo Senado.
A proposta foi apoiada
especialmente por senadores nordestinos, como José Agripino (DEM-RN), que vê a
vaquejada como um esporte que vem se aprimorando, procurando poupar os animais
de maus-tratos. A questão vem sendo debatida desde que o Supremo Tribunal
Federal (STF) proibiu recentemente a prática numa votação apertada, por 6 a 5.
— O que se precisa é
corrigir o que ainda é feito de forma errada, o que, aliás, já vem sendo feito
há tempos. O colchão já é de 50 centímetros, há plantão de veterinários, não
existe mais contato dos animais com o metal e é utilizado um rabo artificial —
afirmou Agripino.
O senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN) voltou a alertar para a dimensão econômica que a vaquejada possui nas
áreas rurais nordestinas, onde sua cadeia colaboraria na geração de centenas de
milhares de empregos diretos e indiretos.
— A vaquejada é hoje uma
questão de sobrevivência pra muita gente que ainda vive na zona rural. O Senado
não pode ignorar que essas regiões já vivem um despovoamento, e o fim da
vaquejada afeta diretamente essas dezenas de milhares de cidadãos — frisou o
senador.
Roberto Muniz (PP-BA) também
entende que a questão sofreria um "viés de preconceito" que setores
urbanos teriam com a visão de mundo própria do campo. Segundo ele, o debate
sobre o bem-estar do animal pode ser ampliado em virtude da polêmica provocada
pela decisão do STF, afetando já em um futuro próximo outras atividades culturais
no Sul e no Sudeste em que também se faz uso abundante de animais.
Já Otto Alencar voltou a
reclamar do fato do STF ter proibido a vaquejada sem ouvir o setor, e também
acredita que existem outros esportes em que os animais seriam bem mais maltratados,
além de serem vítimas do ser humano em diversas outras situações em áreas
urbanas. Para enfatizar seu ponto de vista o senador baiano, que relatou o
projeto, recorreu a uma citação de Ruy Barbosa:
— A pátria não é de ninguém,
é de todos, e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra e à
associação. A pátria não é um sistema, não é uma seita, não é um monopólio de
quem quer que seja, nem uma forma de Governo. É o céu, é o solo, é o povo, a
tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos, o túmulo dos antepassados,
a comunhão da lei, da língua e da liberdade. — Citou para depois complementar:
— A vaquejada pede liberdade
no Brasil para que seja mantida a tradição do vaqueiro.
Contraponto
O projeto teve o voto
contrário dos senadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e Marta Suplicy (PMDB-SP).
Anastasia, que chegou a
apresentar um voto em separado, lembrou que a aprovação do PLC 24/2016 não terá
nenhum efeito prático no que tange à liberação da vaquejada, e entende que o
mesmo se dará caso também seja aprovada uma proposta de emenda à Constituição
apresentada por Otto Alencar.
— O que o STF está
discutindo são dois valores conflitantes em nossa Carta Magna: as manifestações
culturais e a não crueldade com os animais. A última palavra em relação a esse
conflito continuará sendo do STF — disse.
O senador avalia ainda que o
debate em torno da vaquejada é parte de uma maior consciência das pessoas em
relação a suas posturas com os animais, algo que no seu entender tem evoluído
gradualmente em todo o planeta.
Ele, assim como Marta,
também entende que a proposta aprovada hoje seria inconstitucional, devido ao
fato de órgãos técnicos ligados ao Ministério da Cultura não terem sido
consultados.
Marta Suplicy, por sua vez,
apresentou relatórios do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV)
contrários à vaquejada.
Fonte: Agência Senado.
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