O ex-deputado federal
Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo do mensalão mineiro, disse na
segunda-feira (19), em Belo Horizonte, que pretende participar das futuras
campanhas tucanas de Aécio Neves à Presidência e de Pimenta da Veiga para o
governo de Minas. "Sou fundador do partido. Vou defender o Pimenta e o
Aécio", afirmou.
Ex-presidente nacional do
PSDB, Azeredo dividiu com os correligionários o palco do evento no qual foram
confirmados os nomes da futura chapa majoritária encabeçada por Pimenta - o
candidato a vice será o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, deputado
estadual Dinis Pinheiro (PP), e o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) vai
concorrer a uma vaga no Senado.
Azeredo renunciou ao cargo
de deputado federal em fevereiro deste ano após o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, pedir sua condenação a 22 anos de prisão por
envolvimento no mensalão mineiro - um esquema, conforme a acusação do
Ministério Público Federal, que consistiu no desvio de recursos públicos para a
campanha do tucano, então governador de Minas e candidato à reeleição, em 1998.
Naquela eleição, Azeredo foi derrotado no segundo turno por Itamar Franco.
Após a renúncia, o Supremo
Tribunal Federal decidiu mandar para a Justiça de Minas a ação penal contra o
ex-deputado federal, que perdeu a prerrogativa do foro privilegiado. A ação
estava pronta para ser julgada no Supremo, mas ainda não desceu para a Justiça
de primeira instância.
Caso a ação seja juntada ao
processo contra 12 réus que tramita na 9.ª Vara Criminal de Belo Horizonte, a
análise não deve ocorrer antes de 2015, pois ele ainda se encontra na chamada
fase de instrução, de oitiva de testemunhas e réus. O Ministério Público de
Minas já afirmou que vai entrar com recurso para que a ação contra Azeredo seja
julgada em separado, o que pode fazer com que o julgamento ocorra ainda neste
ano.
A preocupação na campanha de
Aécio é com a possibilidade de o julgamento ocorrer no período eleitoral, o que
poderia causar danos à futura campanha do presidenciável tucano.
Na segunda, Azeredo, que
afirma ser inocente e nega responsabilidade em eventuais crimes cometidos na
campanha de 1998, disse que tem "condição moral" de participar das
campanhas presidencial e estadual. "Estou participando e vou continuar
participando (das campanhas de Aécio e Pimenta) porque tenho muito mais
condição moral que muita gente que está por aí", disse após o evento.
Os pré-candidatos também
falaram sobre a presença do ex-deputado na campanha, mas nenhum dos dois quis
entrar em detalhes. Segundo Aécio, Azeredo poderá participar da campanha
presidencial "da forma que ele achar adequada". Mas questionado sobre
a presença do correligionário nos palanques, mudou de assunto: "Vamos
falar de Minas, vamos falar do Brasil. Isso aí eu já respondi".
Pimenta disse que Azeredo
participará da campanha pelo governo de Minas "como for conveniente".
"Pesam contra ele acusações. Nunca foi condenado por nada." Ao ser
perguntado como seria a participação conveniente, o ex-ministro disse que
"ninguém está interessado nesse assunto, quer saber como vai ser o próximo
governo".
RENÚNCIA - Azeredo disse que
renunciou porque "não queria prejudicar ninguém". Citou apenas seus
"companheiros" de partido. "Estava muito sentido mesmo. Quem tem
moral, vergonha na cara, fica sentido quando é injustiçado. Tinha sido
injustiçado e não estava bem de saúde."
O então deputado deixou o
cargo um dia antes de evento no qual foi confirmado o nome de Pimenta para a
disputa pelo governo de Minas. O ex-ministro foi indiciado recentemente pela
Polícia Federal por lavagem de dinheiro em um inquérito - instaurado no ano
passado, como desdobramento da denúncia do mensalão mineiro - que investiga o
repasse de R$ 300 mil das empresas de Marcos Valério para Pimenta em 2003. O
ex-ministro nega irregularidades e diz que recebeu por prestar serviços
advocatícios.
Em sua defesa, Azeredo alega
inocência e afirma que a acusação é baseada em provas "forjadas" pelo
lobista Nilton Monteiro, que está preso. "Gostaria que divulgassem minha
defesa, não apenas aquela loucura do procurador", disse na segunda-feira,
se referindo às alegações finais apresentadas por Janot ao STF.
Do JC Online.
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