A escassez crônica de água
tem atingido moradores de várias cidades do Agreste e do Sertão de Pernambuco.
Nas duas regiões, a situação atual está bem pior, em comparação ao mês de
janeiro do ano passado. A informação é da Agência Pernambucana de Águas e Clima
(Apac), que considera complicada a acumulação hídrica em vários municípios do
Estado. Nove deles, segundo a agência, possuem reservatórios em estado de
colapso – ou seja, secaram totalmente ou estão com baixos níveis de água. A
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) também informa que, no Agreste,
outras três cidades vivem a mesma situação. Todas estão sendo abastecidas por
carros-pipa.
É o quarto ano consecutivo
de seca, já sendo considerada a maior dos últimos 50 anos. Em Surubim, Agreste
do Estado, está complicada a situação do reservatório Jucazinho, que ainda não
entrou em colapso, mas tem preocupado pela baixa no volume total que comporta.
“Atualmente, Jucazinho está com apenas 13,7% de sua capacidade, que é de
aproximadamente 327 milhões de metros cúbico de água. Em janeiro de 2014, esse
percentual era de 33,3%. Essa queda impressiona”, diz o analista de recursos
hídricos da Apac, César Augusto Mendonça.
Maior barragem do Agreste,
ela abastece os municípios de Caruaru, Riacho das Almas, Cumaru, Bezerros,
Gravatá, Passira, Surubim, Casinhas, Vertente do Lério, Santa Maria do Cambucá,
Frei Miguelinho, Vertentes, Toritama e Salgadinho. “Com o volume atual de
Jucazinho, é possível chegar até o fim de setembro sem entrar em colapso, mesmo
se não chover. É a partir de outubro que a situação pode se complicar”, diz o
diretor regional da Compesa no Agreste, Leonardo Silva. Na região, ele informa
que já entraram em colapso as cidades de Alagoinha, Jataúba e Poção.
No Sertão, considerada a
região mais vulnerável à falta de água no Brasil, o município em condição mais
preocupante é Parnamirim, de acordo com a Apac. Três dos reservatórios que abastecem
a cidade estão em colapso: Caiçara, Parnamirim e Abóboras. As três barragens já
secaram totalmente. “Se não chover na região até abril, a situação se tornará
muito grave”, salienta o gerente de monitoramento e fiscalização da Apac,
Clênio Filho.
A barragem de Ingazeira, que
abastece o município de Venturosa, no Agreste, também está zerada. “Para a
região, os meses de maio a julho são esperados com expectativa pela população,
pois é um período em que pode haver maior precipitação. Caso o volume de chuva
seja alto, muitas cidades em colapso têm chances altas de sair dessa realidade
complicada.”
Sexta-feira, a Apac faz
reunião para analisar dados como pressão, temperatura e vento, a fim de
apresentar uma previsão em relação às precipitações para os meses de fevereiro
a abril. É o período mais chuvoso no Semiárido e que pode definir se a região
conseguirá reverter o quadro de colapso.
“Nesse encontro, vamos
examinar a qualidade do período chuvoso e, dessa maneira, informar com mais
precisão como pode ficar a situação das cidades do Agreste e Sertão”, declara o
gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Apac, Patrice Oliveira.
Segundo a agência, não há previsão de chuva para ambas as regiões até o próximo
dia 20.
Zona da Mata e Região
Metropolitana do Recife têm um panorama pouco preocupante, segundo a Apac,
porque os reservatórios estão com 63% da capacidade, que é de 348 milhões de
metro cúbico de água. “Tranquiliza o fato de o nível da Barragem de Pirapama
estar satisfatório, com mais de 90% de sua capacidade”, afirma Clênio Filho.
O panorama pode complicar-se
devido ao estado de alerta do reservatório Botafogo, em Igarassu, que só tem
20% do volume de água que pode armazenar. O percentual baixo na capacidade
total da barragem levou a Compesa a intensificar o racionamento no Grande
Recife. Municípios como Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima já são
afetados pelo rodízio de dois a três dias sem água. A estratégia tem sido
adotada para recuperar os níveis dos mananciais e evitar que cidades do Grande
Recife entrem em colapso.
JC online.
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