O governador Eduardo Campos
(PSB), provável candidato a Presidência da República em 2014, não comentou as
recentes pesquisas que apontam a presidente Dilma Rousseff como vitoriosa no
primeiro turno das eleições. A pesquisa Ibope o coloca como desconhecido de 54%
do eleitorado e lhe dá de 1% a 3% das intenções de voto, dependendo do cenário
pesquisado.
“Acredito em pesquisa, sempre
trabalhei com pesquisa, mas não comento pesquisa, é um princípio”, afirmou ele
neste sábado (23), ao ser questionado sobre o assunto. “Pesquisa é uma ciência
e quando bem feita ajuda muito a quem trabalha com ela”, reiterou. “É importante
para a atividade política, mas não é caso de ficar comentando”, complementou.
Após vir à tona o seu encontro
reservado com o ex-governador José Serra (PSDB), em São Paulo, o governador
Eduardo Campos (PSB) procurou tratar o assunto com naturalidade. Mesmo ciente
de que o gesto incomoda o PT, que teve o tucano como adversário nas duas últimas
eleições presidenciais (2006 e 2010) e, em 2012, na disputa pela Prefeitura de
São Paulo, Eduardo dirigiu elogios a Serra e soltou uma provocação aos
petistas. Disse nessa sexta-feira que afinidade política com o ex-governador
supera sua identidade com alguns integrantes da base do governo federal.
Para reforçar sua tese, Eduardo
resgatou A trajetória política do tucano como presidente da União Nacional dos
Estudantes (UNE) e militante contrário ao regime militar. Também lembrou a
amizade com seu avô, Miguel Arraes. “Claro que esse campo em que Serra militou
é muito mais próximo do nosso campo político e do que muita gente que está
conosco hoje e esteve conosco na base de sustentação do governo do
ex-presidente Lula. Todo mundo sabe disso”, declarou, sem citar nomes. “É
desnecessário. Todo mundo sabe. Quem foi que lutou por democracia? Quem
efetivamente comunga de valores universais do campo da esquerda?”, justificou.
Em outras oportunidades, Eduardo
e membros do PSB chegaram a questionar o fortalecimento da aliança do PT com
caciques do PMDB. Os socialistas, por exemplo, se posicionaram contra a eleição
de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a
presidência do Senado e da Câmara Federal, respectivamente.
Ao referir-se a Serra em tom
elogioso, Eduardo retribui a simpatia já demonstrada pelo tucano ao seu projeto
presidencial. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na quinta-feira (21), o
ex-governador de São Paulo afirmou que a candidatura do socialista é “boa” para
o Brasil.
O encontro entre Eduardo e o
tucano aconteceu na sexta-feira (15), na capital paulista, mas só foi revelado
cinco dias depois. A despeito das três derrotas consecutivas do tucano em
eleições majoritárias, Eduardo disse que Serra permanece sendo um quadro
“importante” da política brasileira. “Foi um grande ministro da Saúde, governou
o maior Estado e a maior cidade brasileira. É importante que as pessoas possam
conversar”, afirmou, negando ter tratado da eleição de 2014 durante a reunião.
O governador também rechaçou que
os sinais de aproximação com Serra possam melindrar sua relação com o senador e
também presidenciável Aécio Neves (PSDB). “O próprio Aécio vai encontrar com
Serra esses dias”, desconversou, sorrindo.
Agência Estado.