Severino Farias (PSB) - Josinaldo Barbosa (PTB)
Fotos: UVP/Divulgação
Ocorrida na semana passada, a
eleição da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) quase passou despercebida
do cenário político local. Realizada em 27 de março, na cidade de Triunfo,
durante o Congresso Estadual de Vereadores, Josinaldo Barbosa (PTB), de
Timbaúba, saiu vencedor contra o ex-presidente, Severino Farias (PSB), o Biu
Farias, de Surubim, que tentava a terceira reeleição para o mandato de dois
anos na entidade.
Dentro do PSB, a derrota de
Farias é encarada como um sinal da instabilidade política que existe hoje
dentro do maior partido do Estado, que perdeu a sua maior liderança, o
ex-governador Eduardo Campos, morto em trágico acidente aéreo, em agosto do ano
passado. Eduardo era conhecido por manter todas as questões sob suas rédeas.
O que chama a atenção na
derrota de Biu Farias é que um vereador de um partido de oposição foi eleito em
cima de outro que já detinha a máquina da UVP nas mãos e pertence à legenda do
governo do Estado. Não foi apenas Biu Farias que perdeu, mas todo o grupo
político.
Em reserva, alguns nomes do
PSB atribuíram a derrota à falta de unidade e liderança no partido.
O resultado da eleição da
UVP acendeu a luz vermelha na legenda. Nos tempos de Eduardo Campos, garantem
uns, isso jamais aconteceria. Dentro do partido, fala-se em uma divisão de
grupos. A ausência do ex-governador estaria alterando os rumos do PSB. E o
revés na UVP não seria a primeira crise enfrentada internamente.
Há um esforço grande para
manter a crise entre as quatro paredes do PSB. Há quem diga, na legenda, que o
governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, não se
empenharam conforme o esperado na questão da UVP. “É muito gestor e pouco
líder”, declarou em reserva um nome do partido, em tom saudosista a Eduardo. “O
cenário é de um balaio de gatos com o pitbull faminto dentro”, acrescentou o
mesmo socialista. Outro afirmou que o grupo não estaria conseguindo levar
adiante o legado de Eduardo. Esse tipo discussão é realizada, hoje, nos bastidores
e nas páginas do grupo majoritário do partido, nas redes sociais.
Os comentários são de que
Biu Farias não teria recebido o apoio que lhe fora prometido. Ele era o
candidato de Eduardo Campos, que teria lhe assegurado todo o apoio da legenda.
No entanto, nomes do PSB teriam articulado a derrota de Farias, cuja família é
aliada histórica de Miguel Arraes. Farias era tão próximo a Eduardo Campos que
o filho do ex-governador, João Campos, gravou depoimentos a seu favor na
campanha da UVP.
O alerta se dá, principalmente,
porque Josinaldo Barbosa não recebeu o apoio do PTB para a disputa. A vitória
foi apertada, por apenas 10 votos (Josinaldo recebeu 429 votos e Biu, 419).
Discreto, Biu Farias não
atribui sua derrota à falta de apoio do partido. Mas, em entrevista por
telefone, deixou transparecer que as coisas não ocorreram conforme o planejado.
“Não teve nenhuma mágoa, um ou outro foi uma forma diferente, não votou em mim.
Quem perdeu fui eu, Biu Farias”, declarou. Nesse grupo dissidente, segundo
Farias, estaria o deputado estadual Aluísio Lessa (PSB). A reportagem tentou
contato com o deputado, mas ele não atendeu às ligações.
O vereador, disse, ainda,
que recebeu respaldo de boa parte do PSB e também de nomes da oposição. “A
grande maioria foi do PSB, e inclusive o PTB foi solidário”, acrescentou.
Farias também excluiu a responsabilidade do governador Paulo Câmara pela sua
derrota. “O governador foi muito ético, se comportou decentemente”, afirmou.
Mariana Araújo – JC Online.
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