sábado, 4 de abril de 2015

Derrota do PSB na eleição da União de Vereadores expõe divergências da legenda.

Severino Farias (PSB)  -  Josinaldo Barbosa (PTB)
Fotos: UVP/Divulgação

Ocorrida na semana passada, a eleição da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) quase passou despercebida do cenário político local. Realizada em 27 de março, na cidade de Triunfo, durante o Congresso Estadual de Vereadores, Josinaldo Barbosa (PTB), de Timbaúba, saiu vencedor contra o ex-presidente, Severino Farias (PSB), o Biu Farias, de Surubim, que tentava a terceira reeleição para o mandato de dois anos na entidade.

Dentro do PSB, a derrota de Farias é encarada como um sinal da instabilidade política que existe hoje dentro do maior partido do Estado, que perdeu a sua maior liderança, o ex-governador Eduardo Campos, morto em trágico acidente aéreo, em agosto do ano passado. Eduardo era conhecido por manter todas as questões sob suas rédeas.

O que chama a atenção na derrota de Biu Farias é que um vereador de um partido de oposição foi eleito em cima de outro que já detinha a máquina da UVP nas mãos e pertence à legenda do governo do Estado. Não foi apenas Biu Farias que perdeu, mas todo o grupo político.

Em reserva, alguns nomes do PSB atribuíram a derrota à falta de unidade e liderança no partido.


O resultado da eleição da UVP acendeu a luz vermelha na legenda. Nos tempos de Eduardo Campos, garantem uns, isso jamais aconteceria. Dentro do partido, fala-se em uma divisão de grupos. A ausência do ex-governador estaria alterando os rumos do PSB. E o revés na UVP não seria a primeira crise enfrentada internamente.

Há um esforço grande para manter a crise entre as quatro paredes do PSB. Há quem diga, na legenda, que o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, não se empenharam conforme o esperado na questão da UVP. “É muito gestor e pouco líder”, declarou em reserva um nome do partido, em tom saudosista a Eduardo. “O cenário é de um balaio de gatos com o pitbull faminto dentro”, acrescentou o mesmo socialista. Outro afirmou que o grupo não estaria conseguindo levar adiante o legado de Eduardo. Esse tipo discussão é realizada, hoje, nos bastidores e nas páginas do grupo majoritário do partido, nas redes sociais.

Os comentários são de que Biu Farias não teria recebido o apoio que lhe fora prometido. Ele era o candidato de Eduardo Campos, que teria lhe assegurado todo o apoio da legenda. No entanto, nomes do PSB teriam articulado a derrota de Farias, cuja família é aliada histórica de Miguel Arraes. Farias era tão próximo a Eduardo Campos que o filho do ex-governador, João Campos, gravou depoimentos a seu favor na campanha da UVP.

O alerta se dá, principalmente, porque Josinaldo Barbosa não recebeu o apoio do PTB para a disputa. A vitória foi apertada, por apenas 10 votos (Josinaldo recebeu 429 votos e Biu, 419).

Discreto, Biu Farias não atribui sua derrota à falta de apoio do partido. Mas, em entrevista por telefone, deixou transparecer que as coisas não ocorreram conforme o planejado. “Não teve nenhuma mágoa, um ou outro foi uma forma diferente, não votou em mim. Quem perdeu fui eu, Biu Farias”, declarou. Nesse grupo dissidente, segundo Farias, estaria o deputado estadual Aluísio Lessa (PSB). A reportagem tentou contato com o deputado, mas ele não atendeu às ligações.

O vereador, disse, ainda, que recebeu respaldo de boa parte do PSB e também de nomes da oposição. “A grande maioria foi do PSB, e inclusive o PTB foi solidário”, acrescentou. Farias também excluiu a responsabilidade do governador Paulo Câmara pela sua derrota. “O governador foi muito ético, se comportou decentemente”, afirmou.

Mariana Araújo – JC Online.

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