terça-feira, 24 de novembro de 2015

Para 67%, corrupção causou crise econômica, diz Datapopular.


O presidente do Datapopular, Renato Meirelles, diz que pesquisa do instituto “mostrou que, para 67% dos brasileiros, a corrupção é a principal motivadora da crise econômica que o nosso país vive hoje”. Segundo ele, a percepção é que o preço da gasolina subiu por causa da corrupção na Petrobras.

“A corrupção passou a ser vista como culpada de toda essa crise econômica. E é por isso que o brasileiro nunca esteve tão intolerante com relação à corrupção”, afirma Meirelles.

De acordo com ele, o governo e a oposição recorreram a estelionato eleitoral na campanha de 2014. A presidente Dilma Rousseff frustrou o eleitorado que votou nela por não cumprir o que prometeu.

Já a oposição defendeu austeridade mas votou a favor da “pauta-bomba”. Na opinião de Meirelles, “a oposição errou ao não conseguir apontar uma solução para a economia do país”.

“O estelionato existiu dos dois lados”, avalia.


Segundo Meirelles, o ex-presidente Lula seria o candidato mais “competitivo” em 2018 “em condições normais de temperatura e pressão”. Ele considera que a elevada taxa de rejeição do petista diminuiria e que outros presidenciáveis também índice objeção nas alturas.

No entanto, Meirelles não crê que em 2018 haverá um cenário com condições normais de temperatura e pressão. “Não é o que eu acho que vá acontecer nas próximas eleições presidenciais. O cenário de descontentamento com a classe política é tão grande, a insatisfação popular é tão grande, que pode surgir um nome que ainda não está posto nas candidaturas [atuais].”

Indagado se via risco de um “outsider”, um salvador da pátria, responde: “Vejo, sim, um risco do “outsider”, mas não acredito que qualquer “outsider” seja necessariamente um novo Collor ou um aventureiro. É possível que venha um “outsider” que tenha, sim, muito a contribuir para que o Brasil consiga voltar a crescer, voltar a oferecer igualdade de oportunidade a todos, que é a maior demanda da população.”

Meirelles acredita que, se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso orientar o próximo candidato tucano a presidente, isso elevará a chance do PSDB na disputa. Para ele, se Marina Silva (Rede) tiver aprendido com os erros em duas campanhas, poderá ser forte candidata na próxima sucessão presidencial.

O presidente do Datapopular acha que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tem chance de reeleição, apesar das baixas popularidade e intenção de voto: “Podem me chamar de maluco, mas tem. É um dos favoritos hoje na eleição municipal. […] Começa a se constituir um rol de candidatos tão diversificados em que, sim, o Fernando Haddad, com o discurso pró-cidade, talvez consiga convencer parcela do eleitorado de que ele deva continuar e ter um segundo mandato”.

A respeito da Operação Lava Jato, Meirelles afirma: “É importante nem que seja para botar medo nas empresas e nos políticos. A gente pode discutir se a forma de condução da Lava Jato foi a forma que melhor respeitou os preceitos democráticos de ampla defesa, isso é uma discussão. Mas é indiscutível o papel educativo que a Lava Jato tem para deixar muito claro de que não existe meio ladrão. Ladrão é ladrão. E não dá para a ladroagem conviver com a democracia”.

Segue o texto com a íntegra da entrevista ao SBT, gravada na última quinta-feira à noite, dia 19/11, em São Paulo:

Kennedy Alencar – Estamos chegando perto do final de 2015 e é importante fazer um balanço do ano. A inflação está girando na casa dos 10%. Houve aumento do desemprego. A previsão é de queda na economia. O PIB vai cair este ano. E há previsão de que 2016 seja ruim. A gente chegou ao fundo do poço ou a crise ainda pode piorar?

Renato Meirelles – Se tem uma coisa que aprendi nos últimos tempos é não subestimar o tamanho da crise. Sempre pode piorar. O fato hoje é que 97% dos brasileiros acreditam que o país está em crise. E 52%, que é a maior crise que o Brasil já viveu. E essa crise faz com que, na verdade, ele não esteja enxergando luz no fim do túnel. O Brasil vive uma crise econômica, mas a maior crise que o nosso país vive é uma crise de perspectiva.

KA – Isso é só uma percepção deles ou a vida da nova classe média piorou muito?

RM – Sem dúvida nenhuma, piorou. É muito difícil para quem aprende a comer picanha voltar para o frango. Para quem aprende a tomar champanhe voltar para a sidra. E esse brasileiro está fazendo, ao seu modo, um ajuste fiscal doméstico. De um lado, ele está fazendo bicos. De outro lado, fazendo economia. Chega no final do mês, ele olha para o cartão de crédito, olha para a conta de luz, vê que não tem grana para pagar as duas, atrasa a conta de luz porque tem juros um pouco menores e paga a conta do cartão de crédito.

KA – A crise mudou o cotidiano mesmo?

RM – É como se ele tivesse que fazer esse ajuste fiscal doméstico. Nessa pedalada das contas, acaba conseguindo passar para o dia seguinte o pagamento das contas que ele não dá conta.

KA – No começo do mês, o ex-presidente Lula deu uma entrevista ao SBT. Na opinião dele, a saída para a crise é aumentar a oferta de crédito para as empresas, para o consumo das famílias. Muitos economistas acham que o modelo de crescimento, porém, está esgotado. Qual é a saída para a crise?

RM –  A saída da crise, em primeiro lugar, é um choque de otimismo na população. Por uma razão muito simples: pessimista compra menos, pessimista gasta menos. E aí você tem um ciclo vicioso que faz com que a economia caia. Por outro lado, se você consegue apontar a luz no fim do túnel, consegue mostrar para esses brasileiros que ainda tem muita demanda para, por exemplo, comprar computadores, smartphones ou máquinas de lavar roupa, consegue mostrar que é possível ele conseguir alcançar o seu sonho. Sem dúvida nenhuma, você consegue mexer com o dia a dia da economia brasileira.

KA – Então, o Lula tem alguma razão?

RM – O Lula tem alguma razão. E ele parte dessa razão em cima da sua experiência na crise de 2008/2009.

KA – O risco da intolerância no debate público preocupa muitos políticos, muitas autoridades. Você mexe com pesquisa o tempo inteiro. É perceptível um aumento da intolerância nesse debate público, esse acirramento nas redes sociais? Que reflexos isso pode ter para o país?

RM – A intolerância vem num momento de agravamento da crise econômica, por um lado, e de um aumento da participação dos brasileiros nas redes sociais, por outro, o que acaba funcionando como uma grande caixa de ressonância da opinião das pessoas. Isso tem um lado bom e tem um lado ruim. O lado ruim é que, de fato, fica muito difícil hoje conversar sobre política. É mais fácil um palmeirense e um corintiano de fato se entenderem do que duas pessoas que tenham pensamento político diferente sentarem numa mesa de bar.

KA – Ou o Lula e o Fernando Henrique conversarem. O Lula falou exatamente isto.

RM – Por outro lado, tem uma coisa boa nisso. A internet coloca de fora um conjunto de pensamentos sem dúvida nenhuma atrasados. Pensamentos como o racismo, o pensamento como o machismo. As pessoas, ao darem opinião com isso e ao se exporem com isso, conseguem trazer uma reação da opinião pública que faz com que, na média, o Brasil caminhe para um lugar melhor.

KA – Renato, qual é a sua avaliação do governo Dilma?

RM – Olha, a presidente Dilma está sendo escrava daquilo que ela criou na campanha. Vamos entender o que elegeu a presidente Dilma num primeiro momento, no primeiro mandato. Foi o legado do presidente Lula e tudo aquilo que ela tinha de diferente do presidente Lula. No segundo mandato, ela foi eleita por conta de um projeto de país. Um projeto de país que tinha como espinha dorsal a busca por igualdade de oportunidades. E que tinha, como razão, para se acreditar nesse projeto, o Prouni, o Pronatec, o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos. Projetos que não aconteceram nesse primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma. Com isso, a população se frustra.

KA – A população percebe como um estelionato eleitoral?

RM –  A população percebe uma grande frustração. Isso é o que alimenta os altos índices de impopularidade da presidente da República. Mas vamos entender o seguinte: boa parte dos analistas erra ao achar que todos os que estão insatisfeitos com o governo pensam da mesma forma. Nas pesquisas do Datapopular, a gente entende que, dos 80% que avaliam o governo como ruim ou péssimo, nós temos aí 36 pontos percentuais que avaliam o governo como ruim ou péssimo e são contra o projeto que existia no país nos últimos anos. São contra o Prouni, o Bolsa Família, o Pronatec. E 44 pontos percentuais estão decepcionados com o governo, mas defendem o projeto de país. Essa diferença entre quem está insatisfeito com o governo é que leva com que o impeachment não tenha ganho uma proporção popular muito maior do que poderia ganhar.

KA – A discussão sobre o impeachment da presidente Dilma está afastada de vez ou uma piora da economia pode ressuscitar este tema?

RM – Sempre a priora na economia piora a situação política. Mas, vamos entender de verdade por que ele não avançou, independente das questões políticas. O impeachment não avançou porque nenhuma força política no país foi capaz de propor uma solução pós-impeachment. O brasileiro está, sim, muito insatisfeito com o governo. Mas também não enxerga na oposição um projeto de país. As pesquisas nossas têm apontado que esse brasileiro acha que um político fala mal do outro porque quer o lugar dele, não porque quer melhorar a vida das pessoas. 92% dos brasileiros acreditam que todo político é ladrão. Pois bem, eu vou derrubar um presidente e vou colocar um outro que também não tem fama de ser honesto? É esta a discussão que está posta nas mesas e cadeiras das casas brasileiras.

KA – A oposição, então, errou ao transformar 2015 em um ano de discussão de impeachment e de corrupção? Deveria ter discutido a crise econômica?

RM – A oposição errou ao não conseguir apontar uma solução para a economia do país. Se é verdade que a população de alguma forma se frustra com os rumos da economia brasileira e com a presidente Dilma não ter conseguido cumprir, pelo menos no primeiro ano de mandato, essas promessas, também é verdade que existe um estelionato eleitoral do outro lado. Porque nós tivemos todo um discurso de austeridade fiscal feito na campanha pela oposição e essa mesma oposição votou e apoiou a “pauta-bomba” no Congresso Nacional. O estelionato existiu dos dois lados.

KA – Renato, qual seria o efeito para o país de um impeachment da Dilma?

RM – O Brasil vive um cenário de total desilusão. Essa crise de perspectiva que tem na sociedade brasileira faz com que qualquer aventureiro possa surgir de um processo de impeachment. O detalhe interessante é que, em pesquisas nossas, em pesquisas do Ibope e do Datafolha, quando se pergunta qual é o motivo que as pessoas favoráveis ao impeachment têm para defender o impeachment, as três primeiras causas são econômicas. Ou é má administração ou é a atual situação da economia. E são causas que não são previstas na Constituição brasileira. Ou seja, nós não temos o instrumento do “recall” na Constituição brasileira de que, se eu não gosto do presidente, eu tiro. O impeachment só pode ser feito se existe, de fato, uma denúncia comprovada de corrupção. E isso não é apontado pela opinião pública brasileira como nenhuma das três principais causas que a levariam a apoiar o impeachment.

KA – Você pode detalhar isso em dados? Porque, pelo que você está dizendo aí, a Lava Jato associada ao PT, a corrupção que houve na Petrobras, a corrupção passa a ser apontada como a razão principal da crise econômica?

RM – Sem dúvida nenhuma. A gente acabou de fazer um levantamento no Datapopular que mostrou que, para 67% dos brasileiros, a corrupção é a principal motivadora da crise econômica que o nosso país vive hoje. É como se ele dissesse que a gasolina aumentou por conta da corrupção na Petrobras.

KA – Não foi o congelamento do preço, que ficou represado um tempão e agora aumenta o preço do combustível.

RM – Não foi o congelamento dos preços, nem o valor do dólar, nem o valor do petróleo na bolsa internacional. Foi por conta da corrupção. E esse movimento vale para todos os índices que aumentaram os preços. Então, por que a corrupção, de uma hora para a outra, num ano não eleitoral, ganhou a proporção e o peso no debate para a opinião pública brasileira? Por dois motivos. Em primeiro lugar, num cenário de campanha eleitoral, quem faz a denúncia da corrupção é um político. É um político falando mal do outro político. Como o brasileiro acha que 92% dos políticos são ladrões, então, de fato, a crítica vinda de um ladrão para o outro, na imagem da opinião pública brasileira, não tem muito efeito. Agora, o principal motivo, é que a crise econômica apertou. E a corrupção passou a ser vista como a de toda essa crise econômica. E é por isso que o brasileiro nunca esteve tão intolerante em relação à corrupção.

KA – Se o governo melhorar um pouco a economia, então, isso resolve um pouco a crise?

RM – Melhorar a economia passa não apenas por melhorar os índices econômicos, por garantir a manutenção do emprego, por conseguir segurar a inflação. Melhorar a economia também passa por um exemplo que o governo tem que dar para a sociedade. É como se o cidadão perguntasse: “Olha, eles estão falando para eu apertar o cinto, para eu pagar essa conta que juraram que não ia ser minha, mas não estão fazendo a parte deles?”. A outra questão é como que o governo sinaliza um combate efetivo à corrupção. E isso não passa apenas por colocar bandido na cadeia. Esse discurso de justiceiro, num primeiro momento, faz sentido, mas não resolve, na opinião pública brasileira, o problema de fundo da corrupção. Eles querem o dinheiro de volta. O dinheiro será aplicado em creches, o dinheiro será aplicado nas escolas. Eles querem fazer o seu ajuste fiscal doméstico, mas entender que, por exemplo, os prédios públicos tenham as luzes apagadas às oito horas da noite, não fiquem com a luz acesa a noite inteira. Sem dar exemplo, é muito difícil convencer a opinião pública a fazer a sua parte.

KA – Renato, a gente já fez algumas entrevistas e, numa delas, você previu com antecedência que uma aliança entre o Eduardo Campos e a Marina seria factível e que seria competitiva. E a gente viu, durante a eleição de 2014, que esse movimento de fato aconteceu. Eu me lembro que nós conversamos aqui no SBT, pouco antes do segundo turno da eleição presidencial, quando o Aécio estava em segundo lugar. Você foi o único analista que disse que o Aécio tinha chance de ir para o segundo turno, quando muita gente achava que a Marina iria para o segundo turno. Então, eu queria fazer uma pergunta bem fácil para você: quem vai ganhar a eleição de 2018?

RM – Olha, Kennedy, vamos lá. A gente tem dois cenários aí. Num cenário puramente científico, em condições normais de temperatura e pressão, hoje, o candidato mais competitivo seria o ex-presidente Lula.

KA – Mesmo com essa rejeição alta dele?

RM – Mesmo com essa rejeição dele, que não é só dele. Se a gente for ver os números do Ibope, a rejeição dele é alta, a do Aécio também, é alta a da Marina. É alta de todos os postulantes, porque há rejeição, antes de tudo, à classe política. Agora, quando você pergunta para qualquer brasileiro “Lembra a última vez em que a sua vida melhorou? Quem era o presidente da República?”, a grande maioria dos brasileiros lembra do ex-presidente Lula. Agora, isso em condição normal de temperatura e pressão, não é o que eu acho que vá acontecer nas próximas eleições presidenciais. O cenário de descontentamento com a classe política é tão grande, a insatisfação popular é tão grande, que pode surgir um nome que ainda não está posto nas candidaturas. Kennedy Alencar, por exemplo (risos).

KA – Renato Meirelles… (risos).

RM – Quem sabe?

KA – Você vê o risco de um “outsider”, um salvador da pátria?

RM – Eu vejo, sim, um risco do “outsider”, mas não acredito que qualquer “outsider” seja necessariamente um novo Collor ou um aventureiro. É possível que venha um “outsider” que tenha, sim, muito a contribuir para que o Brasil consiga voltar a crescer, voltar a oferecer igualdade de oportunidade a todos, que é a maior demanda da população.

KA – Você disse que o Lula é muito forte, mas que talvez não aconteça de ele ser eleito em 2018 se ele for mesmo candidato. Um nome do PSDB, seja o Aécio Neves, seja o Geraldo Alckmin? Quais seriam as chances de um candidato tucano?

RM – Olha, isso depende muito de quem vai orientar o PSDB nessa próxima fase. A gente vê que, hoje, o principal analista político do PSDB é o ex-presidente Fernando Henrique. Nosso telespectador vai lembrar, o ex-presidente Fernando Henrique foi o primeiro a falar que o inimigo não era a Dilma, era o Lula. O ex-presidente Fernando Henrique foi quem segurou essa ânsia pró-impeachment do PSDB e foi conversar com o vice-presidente Michel Temer, falando que apoiaria um eventual mandato do presidente Michel Temer. Se prevalecer uma orientação de tentar buscar o bom senso, de tentar buscar uma união nacional, o PSDB pode, sim, oferecer alguma candidatura a presidente da República com chances competitivas.

KA – E as chances da Marina Silva e de um nome do PMDB?

RM – A Marina Silva é sempre uma grande candidata. As pessoas podem falar que a Marina já perdeu a sua segunda eleição. E o Lula perdeu três. Então, o mito da Marina ainda é muito forte. Se a Marina, como fez o presidente Lula, aprender com os erros da campanha que perdeu, sem dúvida nenhuma, ela é um fortíssimo “player” para as próximas eleições presidenciais. O PMDB, depende de qual PMDB a gente está falando, né? O PMDB é um enorme partido, mas que tem uma dificuldade efetiva de conseguir se unir em torno de uma candidatura. Tem nomes fortíssimos. O prefeito do Rio de Janeiro é um nome muito competitivo para o PMDB. O Eduardo Paes vai vir de um pós-Olimpíadas. Agora, uma eventual candidatura dele à Presidência da República depende muito do desempenho que ele vai ter ao tentar eleger o seu sucessor na próxima eleição municipal.

KA – Quais serão os temas de interesse do eleitor na próxima campanha?

RM – É impressionante como talvez essa seja a eleição em que mais, efetivamente, se discuta a cidade. E a cidade não é apenas a zeladoria da cidade, se ela está limpa, se a rua está esburacada ou não está esburacada. Vai-se debater a convivência do cidadão com outras partes da cidade. O direito de ir e vir, o trânsito, o meio ambiente. A questão das ciclofaixas, que estão estourando em várias e várias cidades de todo o Brasil, não só em São Paulo. Você tem movimentos de ciclofaixas em praticamente todas as capitais. Vai-se discutir também muitas questões de foro de minorias, de lutas que, até pouco tempo atrás, eram segmentadas e que começam a ganhar uma proporção muito grande. O racismo vai ser pauta. Igualdade de oportunidades vai ser pauta. O feminismo vai ser pauta. O direito à creche vai ser pauta na eleição municipal.

KA – O Fernando Haddad tem chance de se reeleger em São Paulo?

RM – Podem me chamar de maluco, mas eu acho que tem. E acho que é um dos favoritos hoje na eleição municipal. Eu vou explicar claramente o porquê. Porque começa a se constituir um rol de candidatos tão diversificados em que, sim, o Fernando Haddad, com o discurso pró-cidade, talvez consiga convencer parcela do eleitorado de que ele deva continuar e ter um segundo mandato. Nós não podemos esquecer que, aqui na cidade de São Paulo, ele comprou brigas que num primeiro momento muita gente foi contra e depois se tornou a favor. Ele comprou a briga das faixas de ônibus, que hoje a maior parte da população é favorável, das ciclofaixas, que a maior parte da população é favorável, agora a dos 50 km/h na Marginal, que a maior parte da população é favorável. Hoje, nós temos duas candidaturas com chances reais de ir para o segundo turno. Uma do prefeito Fernando Haddad, outra da ex-prefeita Marta Suplicy. Falta ver quem é que vai ocupar o campo do PSDB.

KA – Numa palavra muito rápida: a Lava Jato, qual é a importância dela para o Brasil?

RM – A Lava Jato é fundamental para o Brasil. A Lava Jato é fundamental para não poder mais existir a naturalização da corrupção que vem historicamente acontecendo no nosso país. A Lava Jato é importante nem que seja para botar medo nas empresas e nos políticos. A gente pode discutir se a forma de condução da Lava Jato foi a forma que melhor respeitou os preceitos democráticos de ampla defesa, isso é uma discussão. Mas é indiscutível o papel educativo que a Lava Jato tem para deixar muito claro de que não existe meio ladrão. Ladrão é ladrão. E não dá para a ladroagem conviver com a democracia.

KENNEDY ALENCAR  - SÃO PAULO.

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